O Brasil no TIFF
A gente disse que o Festival de Toronto não é competitivo? Pois não era. Este ano, pela primeira vez, a direção do evento instituiu um programa com júri oficial. Chama-se "Platform", mas não vale qualquer filme.
E tem gente grande na banca. O cineastas chinês Jia Zhang-ke (Um Toque de Pecado), a francesa Claire Denis (Chocolat) e a polonesa Agnieszka Holland (Eclipse de uma Paixão) vão premiar com 25 mil dólares canadenses (algo como R$ 67 mil) o melhor filme, entre 12 títulos selecionados do mundo todo. O que inclui o Brasil.
Boi Neon, de Gabriel Mascaro (Ventos de Agosto), foi selecionado para a disputa. Protagonizado por Juliano Cazarré, o filme conta a história de um vaqueiro em “turnê” pelo Nordeste do país, cujo sonho verdadeiro é ser estilista, uma premissa, no mínimo, original.
No ano passado, apenas duas produções brasileiras haviam sido selecionadas para o TIFF, o longa-metragem Obra, de Gregorio Graziosi, para a seção "Discovery"; e o curta Edifício Tatuapé Mahal, de Fernanda Salloum e Carolina Markowicz. Em 2015, além de Boi Neon, outros dois longas e um curta vão visitar Toronto.
Pelo programa "Vanguard", chega o multiplot internacional Zomm, uma coprodução da O2 de Fernando Meirelles com o Canadá, dirigida por Pedro Morelli (Entre Nós).
O filme, que mistura técnicas de animação com live-action, traz no elenco Gael García Bernal como um vaidoso cineasta que precisa refilmar o final de seu filme, mas passa a enfrentar estranhos problemas sexuais; ao mesmo tempo, Mariana Ximenes vive uma escritora/modelo brasileira que mora no Canadá, mas retorna ao Brasil na tentativa de quebrar um bloqueio criativo; por fim, temos Emma (Alison Pill, a Zelda Fitzgerald de Meia Noite em Paris) cujo objetivo é remover um malsucedido implante de silicone.
Completa a lista de longas Campo Grande, de Sandra Kogut (Mutum), selecionado para o "Contemporary World Cinema". No filme, uma moradora (Carla Ribas) da privilegiada Zona Sul do Rio de Janeiro encontra duas crianças, irmãs, pobres, perdidas na porta da sua casa. Decidida a ajudá-los a encontrar a família, Regina entra em contato com um mundo que desconhecia.
O curta que representa o Brasil é O Sinaleiro, de Daniel Augusto (Não Pare na Pista - A Melhor História de Paulo Coelho). O filme é inspirado no conto homônimo do escritor inglês Charles Dickens, no qual um sinaleiro ferroviário é assombrado por uma série de eventos sobrenaturais, que ele não sabe se são realmente manifestações do além ou uma reação da mente ao trabalho repetitivo.