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    Exclusivo: Ryan Reynolds estava "um pouco apaixonado por Helen Mirren" em A Dama Dourada

    Nós também conversamos com o ator Max Irons no festival de Berlim 2015.

    Chegou aos cinemas nesta quinta-feira a biografia A Dama Dourada, que conta a história excepcional de Maria Altmann. Esta mulher judia (interpretada por Helen Mirren na fase adulta, e Tatiana Maslany na adolescência) fugiu da Áustria durante a Segunda Guerra Mundial e se refugiou em Londres. Décadas mais tarde, buscou a ajuda do jovem advogado Randy Schoenberg (Ryan Reynolds) para processar o governo austríaco e retomar o quadro "A Dama Dourada", que pertencia à sua família, mas foi roubado pelos nazistas.

    O diretor Simon Curtis e o elenco apresentaram o filme no festival de Berlim, e o AdoroCinema estava presente para assistir à produção e participar das entrevistas. Além da nossa conversa com Curtis e Helen Mirren, descubra abaixo o que Ryan Reynolds e Max Irons têm a dizer sobre o filme. Eles trabalharam em momentos distintos da história: Reynolds viveu a trama no presente, já Irons faz parte dos flashbacks, que mostram a juventude de Maria durante a invasão nazista. Ele interpreta, em alemão, o namorado da protagonista.

    Trabalhando com Helen Mirren

    Ryan Reynolds: "Eu acho que trabalhar com bons atores melhora a nossa atuação. E Helen Mirren é certamente uma das melhores atrizes de todos os tempos. Passar tanto tempo com ela foi incrível, profissionalmente e pessoalmente. Eu queria chegar ao fundo da relação entre os nossos personagens, que não deixa de ser uma história de amor. Então só ajudou o fato de eu ser um pouco apaixonado por ela. Ela é engraçadíssima, com ótimo senso de humor. Você pode dizer qualquer coisa para Helen – e olha que eu sou capaz de dizer coisas horríveis para as pessoas!"

    Max Irons: "Este é um filme europeu, e eram como duas produções sendo filmadas ao mesmo tempo – uma maior que a outra, claro. Eu fazia parte dos flashbacks, então nunca trabalhei com Helen Mirren ou Ryan Reynolds no set de filmagem. Para mim, este era um filme austríaco. Todos os dias, eu pedia para me avisarem quando Helen estivesse filmando, até que me disseram que ela estava lá. Eu fiquei imaginando que encontraria a Rainha! Mas ela chegou com roupas informais, super engraçada, e foi ótimo! Helen é dessas atrizes que entra nos personagens a cada vez, como Meryl Streep, então você nunca sabe o que vai encontrar".

    Interpretando pessoas reais

    Ryan Reynolds: "É mais difícil para as pessoas reais do que para nós, atores! Randy Schoenberg não é alguém presente na cultura popular, então eu não me preocupava com a cor do cabelo, os gestos típicos. Eu me preocupava em achar a sua trajetória, seu estilo, só isso era realmente importante. Se Maria Altmann estivesse viva, eu tenho certeza que ela teria opiniões fortes sobre o que fizemos, e isso teria sido mais difícil para a Helen! Randy estava no set de filmagem, e achava tudo hilário. Um dia, nós dois estávamos usando exatamente a mesma roupa, o que foi bem engraçado".

    Max Irons: "Fiz muita pesquisa sobre Viena naquela época, mas o que eu mais precisava compreender era o teor emocional. Existe uma cena com a jovem Maria Altmann (Tatiana Maslany) em que ela precisa entrar num quarto e se despedir dos pais. Eu não consigo imaginar nada tão terrível, dizer adeus sem saber o que vai acontecer depois. Estar em Viena me ajudou, mas o trabalho foi a compreensão do aspecto emocional. Simon Curtis sentou com a Tatiana e comigo, trouxe várias fotos de época, e nós discutimos muito. Mas nós pudemos usar nosso instinto, porque os personagens também não sabiam o que estava entendendo, eles ainda não sabiam o que era o Holocausto".

    Um britânico falando alemão

    Max Irons: "Claramente, eu não tinha tempo de aprender a língua, então aprendi foneticamente. É engraçado, porque atores sempre querem fazer bom uso da língua. Neste caso, eu precisava confiar no que os outros estavam dizendo que era certo. Eu pensava: “Talvez esteja perdendo a ênfase no que eu quero dizer”, mas era preciso ter confiança, e abandonar meus instintos. Eu também aprendi o que os outros estavam dizendo, claro. Quando trabalhei com meu técnico vocal, eu aprendi também as falas dos outros. Tom Schilling e os outros atores alemães e austríacos me ajudaram. Eu era o único que não falava a língua! Nem sei porque fui contratado, achei que iriam perceber que se enganaram, e escolher outro ator! A minha primeira leitura foi péssima, mas todos compreenderam que era parte de um processo.

    Tive uma entrevista com Harvey Weinstein, que é um homem imponente e poderoso. Ele disse: 'Estou fazendo esse filme, e pensei que seria interessante se você participasse. Você fala alemão?'. Eu disse que não, mas ele respondeu: 'Você pode aprender, certo?'. Se fosse qualquer outra pessoa, eu diria não, mas como é Harvey Weinstein, eu disse sim! Depois comecei a olhar no Google, pesquisei e lancei minhas melhores imitações! Eu nunca perguntei porque fui escolhido, porque ele poderia perceber, no meio da explicação, que era uma ideia ruim, então eu evitei esse conflito".

    Trabalhando com Simon Curtis

    Ryan Reynolds: "Simon me dava quatro tomadas, e eu tentava fazer quatro coisas diferentes em cada tomada, para ele escolher o que preferia mais tarde. Ele é um grande diretor, então nunca diz nada específico como 'Pare de fazer aquele pequeno gesto'. Ele confia nos atores. Além disso, tivemos um longo encontro antes de fazer o filme, quando ele explicou exatamente como via o Randy, e como queria o personagem retratado em tela. Isso lhe deixava a oportunidade de dizer: 'Não, não quero trabalhar com Ryan Reynolds porque ele imagina o personagem como um bobo da corte', ou algo do tipo, mas nós concordamos tínhamos uma visão em comum, e depois dessas conversas, ele nos deixou trabalhar com muita liberdade".

    Mudanças na carreira

    Ryan Reynolds: "Um ano e meio atrás, eu cheguei a um limite, e comecei a pensar não apenas nos filmes em que iria trabalhar, mas nos diretores. No cinema, o diretor é Deus, enquanto no teatro, Deus são os atores, e na televisão, são os escritores. É simples assim. Eu demorei muito tempo para perceber isso. Bons diretores fazem de você um ator melhor, então esse foi o meu objetivo recente: passar tempo com bons diretores, mesmo que eu tenha cinco linhas de roteiro. Tanto faz se eu sou pago ou não!".

    Buscando suas raízes

    Max Irons: "Eu tinha 16 anos quando pensei em me tornar ator. Eu disse aos meus pais (Jeremy Irons e Sinead Cusack) que queria estudar artes dramáticas, e meu pai disse: 'Não olhe para nós e pense que sua trajetória vai ser igual. Nosso caminho foi fruto da sorte, uma combinação de estar nos lugares certos, nos projetos certos. Essa é uma vida de medo, de instabilidade mental e financeira. Mas quando funciona bem, e você trabalha com grandes diretores, a experiência vale a pena'.  Quando perceberam que eu levava esta escolha a sério, me apoiaram. Mesmo assim, o nepotismo é algo detestado na Inglaterra, por causa do sistema de classes. Muitas pessoas dizem: 'Ele só é ator por causa do pai dele', 'ele só conseguiu o papel por causa do pai'. Eu sei que isso não é verdade, e não posso deixar estas coisas me atrapalharem".

    Ryan Reynolds: "Todos chegamos a uma fase em que perdemos contato com nossas raízes. Eu não falo apenas da cidade natal – algo muito importante para a Maria, não para o Randy – mas uma conexão intensa com o passado. Eu penso no meu avô, que era um morador sem teto. No Canadá, quando tinha 14 anos, a mãe dele morreu, o pai o expulsou de casa e ele vivia dentro de uma caixa, perto da linha do trem. Ele trabalhava o ano inteiro para ter o mínimo suficiente para estudar. Às vezes o dinheiro acabava, e ele voltava para a caixa; depois juntava dinheiro e estudava mais. Ele fez isso até se tornar médico - ele se tornou o diretor da Fundação Médica Canadense! Como o Randy, ele não desistia nunca. Pensei muito nele enquanto trabalhava nesse filme".

    Leia a nossa crítica.

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