No ano de 1972, menos de 30 anos depois do final da Segunda Guerra Mundial, Jerry Lewis rodou um dos filmes mais controversos de sua carreira: The Day the Clown Cried (ou, em bom português, O Dia em Que o Palhaço Chorou).
De lá para cá, foram poucas as pessoas que chegaram a assistir o filme, já que Lewis havia optado por nunca lançar a obra comercialmente por conta de sua temática socialmente sensível. O ator e diretor chegou a trancar a única cópia que existe com o material editado.
The Day the Clown Cried traz Lewis no papel de um palhaço alemão que, durante o Terceiro Reich, apresentou, bêbado, um espetáculo que tirava sarro de Hitler. Como consequência, a polícia nazista o prendeu e o deixou em um campo de concentração, onde ele sofria abusos e era xingado por sua falta de talento. Como ser palhaço era a única coisa que o personagem sabia fazer, ele começa a entreter crianças presas em Auschwitz até que um membro da tropa nazista o força a divertir os meninos e meninas em seus caminhos até as câmaras de gás.
Apesar do potencial da trama, a produção enfrentou problemas de orçamento e não conseguiu encontrar o tom certo para contar uma história tão delicada. O comediante Harry Shearer afirmou ter assistido o filme uma vez em 1979. "Esse filme é drásticamente errado. Seu pathos e sua comédia são tão descontroladamente equivocados que chega a ser inconcebível", disse Shearer.
Entratanto, décadas depois de sua concepção, The Day the Clown Cried estará finalmente disponível para o público. Jerry Lewis (atualmente com 89 anos de idade) entrou em um acordo com a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e permitiu a exibição do filme, que ele entregou para o acervo junto com suas demais produções. Entretanto, ele só deixou que o longa-fosse exibido daqui a 10 anos, em 2025.
Ao longo dos anos Jerry Lewis já afirmou que se sentia culpado por ter feito o filme e que gostaria de ter a chance de remover alguns elementos dele. Ele afirmou que tinha a melhor das intenções quando concebeu o projeto, mas que a execução não conseguiu transmitir o que ele gostaria. "Há um murmúrio dentro de mim quando eu penso sobre esse filme. Será que faria com que algo como o Holocausto nunca se repetisse? O filme é muito pequeno. Não tem grandeza suficiente para fazer um impacto dinâmico nas pessoas", disse o ator em certa ocasião.