Seja na série Tapas & Beijos ou em vários de seus trabalhos na Rede Globo, é bem provável que você já tenha visto Vladimir Brichta exercitando seu lado cômico na TV. No cinema, o ator tem aparecido com mais frequência apenas nos últimos anos, sempre apostando em personagens pouco convencionais. Assim foi nos já lançados Minutos Atrás e A Coleção Invisível e assim é em Muitos Homens Num Só ,que chega ao circuito comercial em 25 de junho.
Baseado no livro "Memórias de um Rato de Hotel", de João do Rio, Muitos Homens Num Só traz a história do enigmático Dr. Antônio, que usa seu charme e elegância para roubar a aristocracia carioca no início do século XX. Conversamos com Vladimir sobre o personagem e também sobre que tipo de papel lhe atrai no cinema, bem como se o esperado longa-metragem de Tapas & Beijos enfim será feito. Confira abaixo na nossa entrevista exclusiva com o ator.
ADOROCINEMA: Pelas várias facetas que assume, seu personagem possui um lado bastante enigmático sobre quem é, de fato, este homem. Até que ponto a construção deste personagem veio do livro do João do Rio e do seu feeling sobre como ele seria?
VLADIMIR BRICHTA: O que me impressionou muito na história do livro "Memórias de um Rato de Hotel" foi a questão da autoria dele e, por consequência, das identidades dos envolvidos. Isso porque primeiro achou-se que o livro era uma autobiografia do Arthur Antunes Maciel, conhecido como Dr. Antônio. Anos depois descobriu-se que na verdade quem havia escrito era o João do Rio, sem jamais assumir isso. Então estávamos falando de um personagem real de muitas identidades diferentes, escrito por um autor que negou sua identidade na autoria e que usava o nome João do Rio pra assinar seus textos, mas na verdade chama-se Paulo Barreto. Achei que tudo isso já era bastante do próprio universo da história. No mais, apesar de ser um personagem que existiu, as poucas referências que temos dele, assim como o roteiro ficcional, me permitiu criar esse personagem com alguma liberdade, apesar de um filme de época exigir na construção do personagem algumas coerências com o período retratado.
AC: Nos últimos anos você tem trabalhado bastante no cinema, em papéis que fogem do que tem feito na TV. Assim foi em A Coleção Invisível, Minutos Atrás e Muitos Homens Num Só. Como é o seu processo de escolha para fazer cinema?
VLADIMIR: Sempre faço escolhas profissionais principalmente em função da história que vou contar. Acontece que, como venho fazendo humor com freqüência na TV, tenho aproveitado o cinema e o teatro pra explorar outros gêneros. Mas também fiz comédias, como minha recente participação no Vai Que Dá Certo 2, de Mauricio Farias, ou mesmo no teatro com "Arte", da Yasmina Reza.
AC: Não é de hoje que se fala sobre a possibilidade de Tapas & Beijos ganhar as telas do cinema, após a conclusão da série. Já houve alguma conversa neste sentido?
VLADIMIR: Informalmente tivemos algumas conversas sobre isso, apesar de falarmos mais sobre o desejo do que a viabilidade de realizar essa transição. Apesar de achar que poderia ser uma ótima oportunidade de eternizar e trabalhar esses personagens no formato de um filme, essa possibilidade hoje é bastante remota.