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    Cine Ceará 2015: Romance de Jorge Furtado e documentário sobre Glauber Rocha representam o Brasil na competição

    O fim de semana trouxe dois filmes brasileiros à competição oficial: Real Beleza, de Jorge Furtado, e Cordilheiras no Mar: A Fúria do Fogo Bárbaro, de Geneton Moraes Neto.

    Neste fim de semana, os únicos dois filmes selecionados para a mostra competitiva do Cine Ceará 2015 foram apresentados ao público: o drama Real Beleza, de Jorge Furtado, e o documentário Cordilheiras no Mar: A Fúria do Fogo Bárbaro, de Geneton Moraes Neto. Entre os concorrentes estrangeiros, o espectador cearense também descobriu o controverso filme cubano A Obra do Século e o suspense peruano NN.

    Real Beleza era certamente um dos títulos mais aguardados do festival, graças à excelente filmografia do diretor Jorge Furtado. Desta vez, ele realiza o seu primeiro drama, com a história de um fotógrafo decadente (Vladimir Brichta) que descobre uma jovem modelo (Vitória Strada) e acaba se apaixonando pela mãe da garota (Adriana Esteves).

    O filme tem belas imagens e um ritmo agradável, mas nunca se aprofunda em sua proposta, e acaba resolvendo os conflitos com uma facilidade surpreendente. Está longe de ser a melhor obra do cineasta, mas pode encontrar seu público quando chegar aos cinemas. Leia a nossa crítica.

    Ao contrário da leveza de Real Beleza, Cordilheiras do Mar: A Fúria do Fogo Bárbaro é todo feito de gritos, de revoltas, de risos. O diretor Geneton Moraes Neto resolveu abordar apenas o lado político de Glauber Rocha, sem mostrar os filmes consagrados do autor e, mais surpreendente ainda, sem mostrar o próprio diretor nas imagens.

    Usando uma estrutura bastante convencional com depoimentos de pensadores e artistas, o diretor cria um painel vivaz sobre Glauber, mas cansativo pela verborragia e questionável pela imagem idealizada do artista baiano, visto como uma espécie de visionário político e mártir da cultura nacional.

    Quanto aos outros longas-metragens, A Obra do Século, de Carlos Quintela, dividiu o público com a sua representação atípica de Cuba. O título faz referência à construção de uma grande usina nuclear, que nunca foi finalizada, e à cidade fantasma construída em torno da estrutura abandonada. Os segmentos documentais são instrutivos e bem escolhidos, mas a parte fictícia, sobre três gerações de homens vivendo no local, é bastante precária. Leia a nossa crítica.

    O peruano NN, de Héctor Gálvez, mostra o minucioso trabalho de médicos legistas que ajudam nas investigações sobre pessoas enterradas sem identificação. O líder da equipe (Paul Vega) fica surpreso com os ossos de um homem que jamais foi procurado por ninguém, e passa a fazer a sua própria busca pela família do falecido.

    As imagens são belas e a conclusão é excelente, mas é uma pena que o roteiro nunca saia da atividade profissional dessas pessoas. Por se concentrar em uma estrutura policial muito semelhante à das séries de televisão (o chefe de meia-idade, culto e sério, acompanhado de uma mulher mais jovem e atraente, além de assistentes engraçados) deve despertar comparações com C.S.I. e outros programas de televisão do gênero.

    Entre os curtas-metragens em competição, destaque para Miragem, de Virgínia Pinho (uma bela homenagem às fotografias como veículo de afeto), Quintal, de André Novais Oliveira (uma curiosa experiência de realismo fantástico de baixo orçamento), e História de Abraim, de Otávio Cury, que retrata a triste trajetória de vida de um cacique em Roraima.

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