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    Exclusivo: Diretor Thomas Salvador fala sobre Vincent, filme francês de super-herói

    O longa foi um dos destaques do 5º Cineramabc.

    Em passagem por Balneário Camboriú para promover seu mais novo filme, Vincent, o diretor francês Thomas Salvador conversou com exclusividade com o AdoroCinema sobre o projeto. O longa gira em torno de uma espécie de super-herói, um sujeito comum que ganha força extraordinária sempre que está em contato com a água. Ele falou sobre a produção, sobre a paixão pelo cinema de gênero e sobre o próximo projeto. Confira abaixo a conversa na íntegra.

    Você falou na apresentação da sessão que levou oito anos para fazer o filme. Como foi este processo?

    Foram oito anos do início do roteiro ao lançamento. E sei anos entre o início do roteiro e as filmagens. Passei mais de quatro anos escrevendo. Quando você quer fazer um filme estranho, é difícil conseguir financiamento. Você tem que reescrever várias vezes, pois as pessoas estão sempre pedindo coisas diferentes. É um filme de muitos gêneros: fantástico, comédia, ação, romance, indie...

    Como nasceu esta história inusitada?

    Começou com uma imagem que tinha na minha cabeça de um sujeito simples nadando em uma pequena fonte de água de uma montanha. Curiosamente, esta cena ficou fora do filme. Era mais que uma imagem, pois eu sabia que ele seria surpreendido por uma mulher. Ele se levantaria, tímido, e a garota sentiria que havia algo errado. Mas ao mesmo tempo, ele não estava fazendo nada que seria proibido ou extraordinário, apenas estava nadando em um lugar estranho.

    Você é também o protagonista do filme. Esta foi sempre a intenção?

    Foi a ideia no começo, pois adora fazer as coisas por conta própria, para sentir e entender. Queria fazer as cenas de ação e testar algumas máquinas, mas com o tempo comecei a ficar na dúvida. Era meu primeiro longa e fiquei com medo de não conseguir dirigir e atuar ao mesmo tempo. Fizemos uma seleção do elenco e encontrei vários acrobatas. Pois sabia que queria o mesmo cara para beijar a garota, comer um sanduíche e nadar como um golfinho, não queria um dublê para toda cena. Mas com o tempo passando, ficou óbvio para todos, menos para mim, que eu iria estrelar o filme.

    Você também afirmou que o filme utilizou apenas efeitos práticos e não efeitos visuais. Como foi este trabalho?

    Não queria ser mais esperto que os americanos, mas tinha a certeza que assim conseguiria surtir mais efeito na audiência. Sabia que se fizéssemos todas as cenas de verdade, o público iria sentir que o cara estava mesmo ali, no rio, correndo, pulando. Não sou contra efeitos digitais. Seria idiota ser contra efeitos digitais, mas para este filme queria que o espectador estivesse o mais próximo possível do personagem. Usamos cordas, trampolins, várias máquinas. E também com relação à água. Não dá para fazer uma água falsa, mesmo com muito, muito dinheiro. Todos os efeitos na água foram criados na locação, com vários truques, como tênis de ski preso em um bote, muitos truques perigosos.

    Os filmes de super-heróis são um grande sucesso na atualidade. Como você vê este gênero?

    Eu gosto. Quando era jovem, li muitos quadrinhos da Marvel. E tento assistir todos estes filmes. Mas seria idiota tentar fazer igual a eles. Um crítico na França disse que meu orçamento era o orçamento de café de Os Vingadores. E talvez ele esteja certo. E na América, você acredita muito facilmente. É uma cultura do acreditar. Na França, as pessoas se questionam mais se tudo aquilo é possível ou real. 

    Você considera Vincent um super-herói?

    Acho que não. Ele não tem um plano ou uma missão. Ele não está aqui para salvar o mundo. Ele só tem que salvar a si mesmo dos olhos dos outros. Em Hollywood, o cara quer botar um uniforme e salvar o planeta. Na França, ele só quer aprender a viver com isso.

    Mas de certa forma ele arruma um uniforme também?

    Sim! Existem algumas ligações.

    Neste sentido, a cena da garota de ponta-cabeça é uma referência...

    De Homem-Aranha... Sim!

    Pode falar um pouco sobre seus próximos projetos?

    Eu tenho uma ideia no momento, então deve ser meu próximo filme. Vai ser um filme noir sobre o desaparecimento de uma garota e um policial tendo que encontrá-la. Amo filmes de gênero, como policial, fantasia, kung fu, musicais. Acho que quase todos os meus filmes serão de gênero. Adoraria fazer um terror ou um musical.

    Existe a possibilidade de lançar Vincent nos cinemas brasileiros?

    Sim, não há nada certo, mas sei que uma distribuidora já contatou os responsáveis pela venda de direitos internacionais de distribuição, então pode acontecer. Adoraria exibir o filme no Brasil.

    O AdoroCinema viajou a convite da organização do evento.

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