"Não dá pé / Não tem pé, nem cabeça / Não tem ninguém que mereça / Não tem coração que esqueça / Não tem jeito mesmo / Não tem dó no peito / Não tem nem talvez ter feito / O que você me fez desapareça"
Filme: Bicho de Sete Cabeças
Música: "Bicho de Sete Cabeças II"
Intérprete: Zeca Baleiro
Compositor: Zé Ramalho e Geraldo Azevedo (música) / Renato Rocha (letra)
Baseado no livro autobiográfico "Canto dos Malditos", de Austregésilo Carrano Bueno, o filme Bicho de Sete Cabeças ilustra a realidade opressora que os pacientes de manicômios vivenciam. Na história, o personagem de Rodrigo Santoro é internado compulsoriamente em um hospital psiquiátrico quando seu estilo de vida rebelde passa a incomodar seu pai, vivido por Othon Bastos.
As escolhas musicais do filme dialogam com a trama do longa com perfeição, como na faixa "Fora de Si", de Arnaldo Antunes, que traz versos como "Eu fico louco / Eu fico fora de si / Eu fica assim / Eu fica fora de mim". No encerramento da fita, momentos antes dos créditos finais, toca a canção que ganhou a maior projeção por conta do filme de Laís Bodanzky, a faixa "Bicho de Sete Cabeças II", entoada por Zeca Balero, que sintetiza a atmosfera do filme.
A música é tão importante que batizou a produção. Segundo a diretora "era necessário achar um título que substituísse o nome do livro, porque o filme não era exatamente o livro, mas inspirado nele".
Originalmente escrita por Geraldo Azevedo e Zé Ramalho, a faixa era apenas um tema instrumental com influências da música barroca e choro. A música se transformou em canção com a letra do compositor Renato Rocha, solicitada por Azevedo para ser gravada em um disco de 1979 com a participação de Elba Ramalho. Entretanto, a letra desagradou bastante Zé Ramalho, que "implicou" e "não gostou de jeito nenhum" da nova versão, de acordo com Azevedo. "É, realmente não tem pé, não tem cabeça", teria dito o cantor paraibano autor de "Chão de Giz".
"Por isso eu vou na casa dela, ai, ai / Falar do meu amor pra ela, vai / Tá me esperando na janela, ai, ai / Não sei se vou me segurar"
Filme: Eu, Tu, Eles (2000)
Música: "Esperando na Janela"
Intérprete: Gilberto Gil
Compositores: Targino Gondim / Manuca Almeida / Raimundo do Acordeon
Além de Caetano Veloso, outro tropicalista que também se enveredou pelo território das trilhas sonoras foi Gilberto Gil, que assina a identidade musical do filme Eu, Tu, Eles, de Andrucha Waddington. Baseado em uma história real, o filme traz Regina Casé no papel de uma mulher do interior do sertão nordestino e seu envolvimento romântico com três homens.
A faixa mais famosa da trilha sonora é o xote "Esperando na Janela", que depois de Eu, Tu, Eles se tornou uma música obrigatória das festas juninas de todo o Brasil. Inspirada nos grandes clássicos de Luiz Gonzaga, a música foi escrita por Targino Gondim em parceria com os compositores Manuca Almeida e Raimundo do Acordeon.
"Essa música está gravada no disco de 1999 e coincidiu com as filmagens de Eu, Tu, Eles, que acontecia em Juazeiro. Fui fazer um teste para participar do filme e o diretor me cortou, dizendo que eu não tinha cara de sanfoneiro, mas um dia estava fazendo um forró e os artistas foram lá, e a Regina Case me reconheceu. Eles começaram a pedir músicas de Luiz Gonzaga e eu aproveitei para tocar também Esperando na Janela, que acabou virando a trilha sonora e carro-chefe do filme", relata Gondim.