Imagine a situação! Um cineasta solicita permissão às autoridades de uma cidade para poder filmar um objeto inusitado: o coração de um ícone histórico, que trará um simbolismo especial ao longa-metragem. Detalhe: o órgão é mantido em conservação há quase dois séculos! Foi exatamente isto que aconteceu na cidade do Porto, em Portugal, no último dia 8.
O diretor Miguel Gonçalves Mendes (José e Pilar) obteve autorização para gravar uma cena de seu novo documentário, O Sentido da Vida, usando o coração de D. Pedro I, o primeiro rei do Brasil. Nela o jovem brasileiro Giovane Brisoto, que necessita de um transplante de fígado, esteve diante do órgão e pôde falar sobre qual seria, segundo seu ponto de vista, o sentido da vida.
A cena inusitada pôde ser rodada devido a um ato de D. Pedro I em seu último dia de vida: o ex-imperador doou seu coração como agradecimento pelo empenho dos cidadãos do Porto no combate ao absolutismo. Desde 25 de setembro de 1834, o coração é mantido em conservação dentro de um cofre localizado sob sua lápide. Ou seja, o órgão tem hoje 180 anos!
A intenção do diretor é que a cena com o coração de D. Pedro I esteja logo na abertura de O Sentido da Vida. O longa-metragem será rodado em seis países, incluindo o Brasil, e contará também com as participações do escritor Valter Hugo Mãe e do juiz Baltazar Garzón. Ainda não há previsão sobre quando será sua estreia nos cinemas.