O ator Roberto Gómez Bolaños morreu na tarde desta sexta-feira, 28, de acordo com informações da rede de TV Televisa e da CNN México. O artista mexicano faleceu aos 85 anos de idade. A causa da morte não foi revelada.
Bolaños passou os últimos anos com a saúde debilitada e apresentava dificuldades para se locomover e respirar. Em 2012, o artista chegou a ser internado por conta de uma insuficiência respiratória.
Humorista conhecido em toda a América Latina, Bolaños tornou-se célebre graças aos programas de TV "El Chavo del Ocho", exibido no Brasil como Chaves, e "El Chapulín Colorado", conhecido pelo brasileiro como Chapolin.
Nascido na Cidade do México em 1929, Bolaños foi filho de uma secretária com um pintor, cartunista e ilustrador, de onde herdou seu interesse pelas artes. Ele também era sobrinho do ex-presidente do país Gustavo Díaz Ordaz Bolaños. Antes de se tornar ator, Roberto foi boxeador e chegou a estudar Engenharia Elétrica.
Seu primeiro contato com a teledramaturgia se deu com a série de TV mexicana Cómicos y canciones (1956–1967), onde trabalhou como roteirista. Foi nessa função que Bolaños foi mais prolífico em sua carreira. Ao todo, mais de 50 produções de TV e Cinema contam com o nome do ator entre os créditos de roteiro.
O despertar de sua verve de ator, que lhe tornaria um rosto icônico da comédia latina, se deu anos depois, em 1960, com o filme de comédia musical Dos locos en escena.
Nesses primeiros anos, Bolaños recebeu o apelido que lhe acompanharia por toda a vida: "Chesperito". O nome carinhoso foi concebido por Agustín P. Delgado, diretor responsável por levar aos cinemas filmes baseados em roteiros ou histórias originais de Bolaños, como Angelitos del trapecio (1959), Los tigres del desierto (1960), El dolor de pagar la renta (1960) e Limosneros con garrote (1961). O apelido inventado pelo cineasta significa algo como "um pequeno William Shakespeare" e mostra o nível da admiração do diretor por Bolaños.
Em 1968, Chesperito foi convidado a realizar seu primeiro programa de comédia, chamado Los Supergenios de la Mesa Cuadrada. O elenco da atração já contava com Ramón Valdés, María Antonieta de las Nieves e Rubén Aguirre, atores que o acompanhariam mais tarde (Valdés se eternizou como Seu Madruga, Nieves viveu a Chiquinha e Aguirre foi o Professor Girafales) naqueles que viriam a ser os maiores sucessos de sua carreira: Chaves e Chapolin.
Bolaños interpretou os personagens-título em ambas as séries, que também foram roteirizadas e parcialmente dirigidas por ele.
Em El Chavo del Ocho, que estreou no México no dia 20 de junho de 1971, Bolaños intepretou o menino pobre e órfão Chaves, que vive numa peculiar vila, onde é amigo da levada Chiquinha (Nieves) e do mimado Quico (Carlos Villagrán).
"Este personagem era o melhor exemplo de inocência e da ingenuidade próprias de um garoto, e o mais provável é que essas características tenham gerado o grande carinho que o público sentia por ele", afirmou o próprio Bolaños em certa ocasião.
Em seu outro grande sucesso, El Chapulín Colorado, Bolaños foi responsável por popularizar o bordão "E agora, quem poderá me defender?". O ator interpretou o herói Chapolin, que, mesmo sem ter as habilidades de um Superman, conseguia resolver problemas e salvar o dia graças a sua desenvoltura e seus pedidos de "palma" para não criar "cânico".
"Chapolin não tem as propriedades extraordinárias dos super-heróis: é tonto, desastrado e medroso. Mas também é um herói, porque supera o medo e enfrenta os problemas e é aí que estão o heroísmo e a humanidade", explicou o criador do personagem.
Ambas as séries foram produzidas no México até o ano de 1979. As atrações chegaram ao Brasil pelo canal SBT no ano de 1984. De lá pra cá, os programas se consolidaram como um fenômeno cultural no país – prova disso é o fato de que a série é exibida até hoje no país.
Neste ano de 2014, comemorou-se o aniversário de 30 anos da primeira transmissão de Chaves no Brasil. A última publicação de Bolaños no Twitter foi justamente uma celebração desse marco. "Muito obrigado, brasileiros. Amo vocês", disse Chesperito.
Roberto Gomes Bolaños deixa seis filhos - Roberto, Teresa, Marcela, Graciela, Paulina e Cecilia - e esposa Florinda Meza, famosa por ter sido a intérprete da Dona Florinda em Chaves.