Ridley Scott é um diretor curioso: aos 76 anos, consagrado tanto nas grandes produções quanto no circuito de arte, ele tem dezenas de projetos a realizar e nunca sabe muito bem qual será o próximo. Seus dois últimos filmes tiveram resultados abaixo do esperado: Prometheus (mirando o circuito comercial) conquistou uma bilheteria apenas razoável, enquanto O Conselheiro do Crime (de olho no circuito de arte), apesar de seu elenco estelar, foi um grande fracasso.
Mas agora Scott deve voltar às megaproduções de sucesso, nos moldes de Gladiador e Robin Hood. Em Êxodo: Deuses e Reis, ele troca o tradicional Russell Crowe por Christian Bale para o papel de Moisés, na trajetória desde a descoberta de suas origens até a jornada com os hebreus através do Egito. O AdoroCinema teve a oportunidade de assistir a 35 minutos do filme, comentados pelo diretor. O resultado é interessante:
1. Para ver em 3D
Êxodo: Deuses e Reis será provavelmente apresentado pelos distribuidores como uma produção para ser vista em 3D. Todas as imagens e os efeitos especiais são feitos para isso: durante as batalhas, cavalos e pedras voam em direção à tela, e personagens ficam indo e vindo em direção ao público, explorando a profundidade de campo. Scott explica que os efeitos especiais ainda não estão prontos (de fato, algumas tomadas aéreas deixam a desejar), mas quando o filme estiver finalizado, as cenas de lutas, pragas e maremotos devem encher os olhos na tela grande do cinema.
2. E os atores?
Christian Bale é conhecido como um dos melhores atores de sua geração, e parece se esforçar para parecer Moisés apesar do forte sotaque britânico (?) e do corte de cabelo moderno (?). Mas nas cenas apresentadas aos jornalistas, quem brilha é Joel Edgerton. O australiano, que atuou em Reino Animal e no recente O Grande Gatsby, faz uma composição interessante de Ramsés, com grande força no olhar, mas distante dos vilões puramente malvados. Deve ser ótimo vê-lo transformar o personagem ao longo da história. Ben Mendelsohn, seu colega de Reino Animal, também se destaca, apesar do papel aparentemente pequeno. Sedutor e efeminado, ele deve fornecer o contraponto cômico à trama.
3. Blockbuster
Êxodo: Deuses e Reis parece seguir à regra a tradicional história bíblica, e talvez o espectador não possa esperar muita subversão na narrativa ou na moral. A história deve fazer uma aposta segura de grande produção + história conhecida, com elenco famoso e efeitos visuais impactantes. Além disso, não faltam cenas de emoção, atos de bravura e frases de efeito. Ou seja, esta não deve ser uma obra polêmica como Noé, mas um blockbuster produzido sob medida para agradar famílias e fiéis.
Na época em que tantos personagens comuns são transformados em grandes heróis (como Sherlock Holmes, Drácula, João e Maria etc.), faz sentido que a história humanista de Moisés adquira tons épicos, e que o personagem (na pele de Christian "Batman" Bale) se transforme em um justiceiro de espada em punho.
Você acha que Êxodo: Deuses e Reis vai ser um sucesso de bilheteria? Pretende ver nos cinemas? O filme estreia no Natal, dia 25 de dezembro.