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Novembro é o mês da Consciência Negra, e o AdoroCinema decidiu refletir sobre o papel dos negros no cinema americano e brasileiro em 2014. Você sabe quantos filmes representam negros em papel de destaque este ano?
Olhando para o cinema americano, apenas sete produções entre as 100 maiores bilheterias do ano têm negros como claros protagonistas da história. O número aumenta para nove se contarmos duas produções em que atores brancos e negros dividem o papel principal (Let's Be Cops e The Single Moms Club).Três das nove produções são estreladas por Kevin Hart, o astro negro de maior sucesso no momento. Confira as produções abaixo, e os lugares que ocupam no ranking provisório das bilheterias americanas de 2014:
16º lugar: Policial em Apuros, estrelado por Kevin Hart (US$134 milhões)
27º lugar: O Protetor, estrelado por Denzel Washington (US$98 milhões)
33º lugar: Let's Be Cops, estrelado por Damon Wayans Jr. e Jake Johnson (US$82 milhões)
38º lugar: Think Like a Man Too, estrelado por Kevin Hart (US$65 milhões)
53º lugar: About Last Night, estrelado por Kevin Hart (US$48 milhões)
74º lugar: James Brown, estrelado por Chadwick Boseman (US$30 milhões)
94º lugar: Inatividade Paranormal 2, estrelado por Marlon Wayans (US$17,3 milhões)
95º lugar: Addicted, estrelado por Sharon Leal (US$17,2 milhões)
98º lugar: The Single Moms Club, estrelado por Nia Long, Amy Smart e outras (US$15,9 milhões)
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Olhando esta pequena lista, percebe-se que foram feitas pouquíssimas grandes produções estreladas por negros, e ainda menos por mulheres negras. Curiosamente, as três produções de maior bilheteria envolvem negros em papéis de policiais e/ou justiceiros, e a comédia ainda é o gênero que prevalece, principalmente pela presença de Kevin Hart e dos atores da família Wayans. Apenas duas dessas nove produções estrearam nos cinemas brasileiros (O Protetor e Inatividade Paranormal 2), sendo que James Brown tem lançamento previsto para 2015.
E no Brasil?
No circuito brasileiro, chegaram 17 produções com protagonistas negros (entre aproximadamente 250 filmes lançados no ano até agora), ou produções em que negros têm o mesmo destaque que brancos no papel principal (caso de Um Novo Dueto e Hermano - Uma Fábula Sobre Futebol). São eles: Fruitvale Station - A Última Parada, 12 Anos de Escravidão, La Playa, Pelo Malo, Inatividade Paranormal 2, Jogada de Rei, Hermano - Uma Fábula Sobre Futebol, Uma Lição de Vida, Um Novo Dueto, A Pelada (produção com atores pardos), O Protetor, Libertem Angela Davis, Trash - A Esperança Vem do Lixo, Na Quebrada, O Grande Kilapy, Tim Maia e Ventos de Agosto.
Trata-se majoritariamente de produções de pequeno porte, com apenas duas delas superando a marca de 300 mil espectadores no país: 12 Anos de Escravidão (496 mil espectadores), título de 2013 que só chegou às salas este ano, e Tim Maia (697 mil espectadores até o momento). Apenas seis destes filmes são brasileiros (incluindo coproduções), estrelados na maioria dos casos por atores desconhecidos (com exceção de Babu Santana em Tim Maia e Lázaro Ramos em O Grande Kilapy). No que diz respeito aos gêneros cinematográficos, o drama foi dominante, deixando comédias em segundo lugar. As mulheres são mais uma vez exceção dentro das raríssimas produções destacando personagens negros.
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Nestas produções, os negros ainda são representados em quantidade muito menor do que a porcentagem real na sociedade brasileira - isso sem falar na quantidade ínfima de diretores, produtores, roteiristas e outros profissionais negros por trás das câmeras. Não existe nada "natural" nesta representação minoritária, que poderia ser justificada pela discriminação presente nos grupos que financiam os filmes e escolhem quais histórias chegam às telas.
É difícil afirmar que a situação esteja melhorando, piorando ou que se mantenha estável - seria preciso observar mais filmes e mais anos para tirar conclusões do tipo. Mas é curioso que cada notícia destacando minorias sociais ainda seja comemorada como uma grande conquista (como o Oscar a Lupita Nyong'o e a 12 Anos de Escravidão, a escolha de super-herói negro em Pantera Negra etc.), ao invés de algo perfeitamente corriqueiro.
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Além de torcermos para que essa situação mude, poderíamos pensar nas maneiras de mudá-las. Quem sabe pressionando os governos locais para encorajarem os cursos de audiovisual em escolas da periferia? Sugerindo a criação de uma espécie de prêmio para roteiros que valorizem a presença de personagens negros, ou ainda um fundo de investimento destinado apenas a projetos tendo negros em posições majoritárias em frente ou atrás das câmeras? Talvez lançando concursos de curtas-metragens destacando o tema do racismo?
O que acha? Como esta situação poderia mudar?