Mais de duas horas. Ucraniano. Sem legendas. Todo "falado" em linguagem de sinais. E excelente. Este é A Gangue, de Myroslav Slaboshpytskiy, um dos melhores filmes até agora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Sim, o filme é todo em linguagem de sinais, mas isso está longe de ser apenas o que ele é. Também é uma produção com uma história envolvente, angustiante e inteligente. O espectador pode ficar sem entender os diálogos, mas com certeza vai entender o sentido geral e sairá impactado com o mesmo. Temos cenas algumas cenas curiosas, mas o que mais vemos são momentos duros e brutais. Violência, sexo, prostituição, aborto... O longa trata de temas sérios de forma séria e fria. Uma grande obra.
Na sequência foi a vez de conferir Noites Brancas no Píer, do cultuado diretor francês Paul Vecchiali. Baseado em obra de Dostoiévski, o longa conta com alguns elementos interessantes, mas possui um ritmo lento e quase nenhuma ação. A transposição do texto clássico para os dias de hoje é interessante, mas a obra parece mais uma leitura de roteiro filmada do que um filme em si. Tem uma boa atuação da atriz Astrid Adverbe, mas o ator Pascal Cervo parece um pouco desconectado da proposta.
O dia terminou com o espanhol Por um Punhado de Beijos, um romance com pitadas de comédia e drama que conta com bons personagens e com uma ideia interessante, que trata de temas sérios como a Aids. A direção de David Menkes, no entanto, é fraca e o filme tem momentos muito inocentes, do ponto de vista cinematográfico. O roteiro também não colabora ao inserir momentos bem previsíveis. A dupla principal pelo menos tem uma química boa e o espectador sairá da sala pensando o quão bonita é a atriz cubana Ana de Armas.
O AdoroCinema viajou a convite da organização da Mostra.