A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo acertou em cheio na escolha de seu filme de abertura. Relatos Selvagens não só é uma produção latino-americana como ainda é extremamente divertida e inteligente. O longa argentino, que representará os hermanos na corrida pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, abraça o humor negro com todas as forças, investindo em seis contos sobre vingança, sobre impulsos violentos e também sobre a radicalização dos dias de hoje. Todos os episódios são bons, mas pelo menos três são brilhantes. É o caso do conto com Ricardo Darín e, especialmente, o com Erica Rivas, que retrata um casamento. Relatos Selvagens estreia no Brasil no próximo dia 23 de outubro.
A quinta-feira, 16 de outubro, contou com a exibição de um dos filmes mais aguardados do ano: Foxcatcher - Uma História que Chocou o Mundo. A produção conta com atuações marcantes de Steve Carell, Channing Tatum, Mark Ruffalo, que já são possíveis apostas para o Oscar 2015. Quem também se destaca é o diretor Bennett Miller, que já havia feito bonito com Capote e O Homem que Mudou o Jogo. Carell foge completamente de seus personagens em The Office, O Âncora e companhia, interpretando um milionário ambicioso, mas também patético, que busca demonstrar sua força e sua genialidade ao assumir o treinamento de um lutador campeão olímpico.
Representante do Paquistão na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Filha é um longa bem fraco, que diz tudo o que queria dizer já nos primeiros minutos e depois só enrola. A ideia é interessante, retratando uma mulher que não quer que a filha siga o caminho do casamento forçado com um homem mais velho e que acaba fugindo de casa. Ela sofre com a perseguição do marido e de líderes locais, mas encontra um amigo no meio do caminho. Poderia gerar um debate interessante sobre a figura da mulher no oriente médio, mas se perde na dramaturgia e na direção pouco talentosa de Afia Nathaniel.
Para fechar o dia, conferi Algum Lugar Belo, que é fraquíssimo. A trama é dividida em duas histórias, que não possuem relação entre elas e também não funcionam individualmente. Em uma das histórias, o diretor leva um fotógrafo para a Patagônia e comete a proeza de não se aproveitar das belezas locais. O foco está apenas nos personagens, que são unidimensionais e pouco interessantes.
O AdoroCinema viajou a convite da organização da Mostra.