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    Festival do Rio 2014: Guillermo Arriaga apresenta o filme coletivo Falando com Deuses

    O projeto aborda as principais religiões do mundo, como o cristianismo, islamismo e judaísmo.

    Rogerio Resende/ R2Foto

    Logo após participar do filme coletivo Rio, Eu Te Amo, o cineasta mexicano Guillermo Arriaga retorna ao formato com Falando com Deuses, presente no Festival do Rio 2014. O filme reúne nove curtas-metragens de diretores do mundo inteiro, retratando grandes religiões como cristianismo, judaísmo, islamismo, budismo etc.

    Origem do projeto

    Além de diretor, Arriaga foi também o idealizador do projeto, convidando os diretores e estabelecendo contatos com produtores. Segundo ele, a ideia foi realizar quatro projetos coletivos sobre grandes tabus - a religião sendo o primeiro deles. O cineasta, que nunca fugiu de temas polêmicos em seus filmes e roteiros, deu liberdade total aos diretores para criarem as histórias dentro de cada tema. Eles não precisariam necessariamente ser religiosos ou pertencer à religião que iriam abordar, apenas manter uma relação próxima à crença escolhida.

    Os convidados foram o brasileiro Hector Babenco (umbanda), Álex de la Iglesia (catolicismo), Bahman Ghobadi (islamismo), Amos Gitai (judaísmo), Emir Kusturica (cristianismo ortodoxo), Mira Nair (hinduísmo), Hideo Nakata (budismo), Warwick Thornton (religião aborígene australiana) e o próprio Arriaga (ateísmo).

    Ateísmo

    O chocante episódio dirigido por Arriaga imagina a morte de Deus. Um ateu recebe uma mensagem divina, dizendo que o criador estaria cansado, e se mataria em breve. O resultado seria o sangue divino caindo sobre a Terra. A profecia se concretiza com imagens impressionantes da chuva de sangue, que acabam construindo um dos curtas mais fortes do conjunto.

    Arriaga explicou que é ateu, e decidiu criar esta história por convicções pessoais. Ele já conhecia bem os atores com que trabalhou nesta história (como Demian Bichir), e realmente jogou litros e litros de água vermelha em riachos, ruas e florestas para criar a sua potente metáfora sobre a relação dos indivíduos com deuses. Apesar desta boa experiência, Arriaga afirma que não pretende participar dos próximos três filmes (sobre sexo, política e drogas), permitindo que outros diretores tenham a oportunidade.

    Curta-metragem brasileiro

    Já o filme do brasileiro Hector Babenco aborda a descoberta espiritual de um morador de rua, após roubar um pato e entrar por engano em um terreiro. De acordo com Arriaga, o diretor brasileiro convidado inicialmente para Falando com Deuses foi José Padilha (Tropa de Elite), mas como ele estava ocupado com outros filmes, Arriaga convidou Babenco para dirigir a história. O cineasta de Carandiru já estava escalado para o projeto seguinte, com o tema do sexo, mas fez a troca com o amigo Padilha, que agora integra o segundo filme coletivo organizado por Arriaga.

    Skype

    Com tantos diretores do mundo inteiro, a solução para manter a coerência do projeto era conversar sempre com eles pela Internet. Arriaga afirma que a maioria de suas reuniões diárias com os cineastas era feita por Skype, através do qual trocavam ideias sobre o roteiro e apresentavam possibilidades de atores para os filmes. O cineasta acredita que esta ferramenta é fundamental neste tipo de projeto, e pode ajudar futuras cooperações entre filmes de diferentes países.

    Arriaga ainda ressaltou o grande empenho de cada diretor, cada um atarefado com outros longas. Mesmo assim, eles dedicaram grande tempo à elaboração dos filmes, usando recursos impressionantes para contar cada história. Assim, Warwick Thorton realmente teve que viajar ao deserto australiano para retratar o parto de uma mulher aborígene, e Emir Kusturica precisou usar helicópteros para as cenas aéreas de sua história.

    Rogerio Resende/ R2Foto

    Falando com Deuses ainda não tem previsão de estreia no Brasil. Confira a nossa crítica.

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