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    Festival de Brasília 2014: Risos e surpresas com o filme pernambucano Ventos de Agosto

    O diretor Gabriel Mascaro apresentou o seu novo filme no penúltimo dia da competição oficial.

    O penúltimo dia da competição oficial do Festival de Brasília 2014 trouxe a exibição dos curtas-metragens B-Flat, de Mariana Youssef, e Luz, de Gabriel Medeiros, além do longa-metragem Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro. Este cineasta, mais conhecido pelos premiados documentários Um Lugar ao Sol e Doméstica, arrisca-se em uma ficção inesperada, transitando entre a tragédia e a comédia.

    Em busca de um amigo

    B-Flat foi apresentado assim, com seu título em inglês, ao invés do "Si Bemol" traduzido pelas legendas. Trata-se de uma obra filmada na Índia, onde dois homens solitários tomam um ônibus até a cidade de Bhor. Um dele compra uma tuba, por acreditar que a nota musical do título será capaz de trazer de volta seu jacaré de estimação, desaparecido. O outro mora nos Estados Unidos há anos, e retorna para se desculpar por seus erros. A produção é muito profissional, coroada por um tom fabulesco e um tanto adocicado na tentativa de conciliar os homens e suas culturas.

    Filme-constatação

    Luz é um curta-metragem curioso. O diretor visita uma pequena onde ainda não chegou a energia elétrica. Ele entrevista diversas pessoas que discorrem, justamente, sobre o fato de não terem eletricidade em suas casas. Por um lado, é interessante que o cineasta não transforme seu filme em uma tele reportagem, fazendo denúncias e batendo à porta da prefeitura para exigir mudanças. Por outro lado, Medeiros parece pouco interessado na história destas pessoas para além do problema da falta de energia. Em Luz, eles nunca são indivíduos com complexidades, apenas "moradores de casas sem luz". Apesar do conceito estético interessante (o diretor transita sempre entre a escuridão e a claridade absoluta), o filme transforma-se em uma experiência estanque.

    Morte e vida

    Ventos de Agosto trouxe novos rumos à mostra competitiva do Festival de Brasília. Outros filmes da edição 2014 apresentavam narrativas experimentais e herméticas (como Brasil S/A e Pingo d'Água), mas sua estranheza era presente do início ao fim, em uma narrativa coesa. Este não é o caso do filme de Gabriel Mascaro, que se transforma várias vezes ao longo da trama, passando do drama à comédia, do natural ao patético. A história gira em torno de três personagens: Shirley (Dandara de Morais), que saiu da cidade a um pequeno vilarejo na intenção de cuidar da avó, Jeison (Geová Manoel dos Santos), um catador de cocos da cidade, e um pesquisador de sons (o próprio Mascaro) que decide investigar os ventos da cidade. Estas histórias se cruzam de maneira mais ou menos harmoniosa, com uma combinação inesperada de músicas, tons e reviravoltas na trama. As imagens belíssimas se contrapõem ao discurso difuso, gerando uma experiência marcante, mas não plenamente satisfatória.

    Leia a nossa crítica.

    O dia 22 de setembro traz os últimos filmes da mostra competitiva. Serão apresentados os curtas-metragens Estátua!, de Gabriela Amaral Almeida e La Llamada, de Gustavo Vinagre, além do longa-metragem Ela Volta na Quinta, de André Novais Oliveira.

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