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    Festival de Brasília 2014: A experiência perturbadora de Pingo d'Água

    O diretor Taciano Valério apresentou o seu longa-metragem na terceira noite da mostra competitiva.

    A terceira noite da mostra competitiva do Festival de Brasília 2014 trouxe novas surpresas ao público. Os espectadores que pensaram que Brasil S/A seria o ápice do experimentalismo tiveram uma nova surpresa com o libertário Pingo d'Água, de Taciano Valério. Antes disso, foram apresentados dois curtas-metragens curiosos, Vento Virado e Geru.

    Pesadelo

    A produção mineira Vento Virado, dirigida por Leonardo Cata Preta, traz uma espécie de pesadelo freudiano, onde um homem sem nome (Paulo André) caminha por corredores escuros, colide com objetos, até encontrar a claridade e a liberdade... no retorno ao útero da mãe. A obra é certamente rica em metáforas e possibilidades de leitura - até demais. A abstração é tamanha que cativou alguns espectadores, mas incomodou tantos outros. No final, pode-se destacar pelo menos o desejo de fazer uma obra intensa, extrema, sem concessões.

    Vozes

    Já o belo Geru, dos paulistanos Fábio Baldo e Tico Dias, é um documentário sobre um senhor alagoano de mesmo nome, que acaba de completar 100 anos. Por questões médicas, ele não pode mais falar, mas continua se comunicando com a família ao redor. Os diretores captam o dia a dia deste homem, registrando cada detalhe com um olhar interessado, mas guardando uma distância respeitosa. Para este personagem que não fala, os diretores decidiram apresentar o primeiro filme de sua vida: O Cantor de Jazz, também o primeiro filme sonoro da história do cinema. A obra é simples e singela, dotada de um belo humanismo.

    Cinema de afetos

    Pingo d'Água constitui mais uma experiência exigente e hermética apresentada na edição 2014 do festival. O diretor Taciano Valério convida Jean-Claude Bernardet e uma trupe de atores para encenarem performances baseadas no afeto, nos beijos, na dança e no sexo. O filme não teve roteiro pré-escrito, e foi feito em tomadas únicos. O resultado é libertário, claramente desconexo, o que levou diversos espectadores a abandonarem a sessão. Mesmo assim, o resultado é recompensador, feito claramente para perturbar os sentidos, para ser uma obra "rizomática" e "aberta ao acaso", como afirmou Valério na coletiva de imprensa. Confira a nossa crítica.

    Hoje, a mostra competitiva continua com a exibição do longa-metragem Branco Sai. Preto Fica, de Adirley Queiroz, e com os curtas-metragens Nua Por Dentro do Couro, de Lucas Sá, e Castillo y el Armado, de Pedro Harres.

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