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    Festival de Brasília 2014: Brasil S/A, crônica de uma modernidade patética

    O filme pernambucano dirigido por Marcelo Pedroso surpreendeu as plateias no segundo dia da competição oficial.

    O segundo dia de competição no Festival de Brasília 2014 mudou o tom: depois dos filmes potentes e agressivos do dia anterior, agora foi a vez de três obras leves. Foram apresentados os curtas-metragens Sem Coração e Crônicas de uma Cidade Inventada, além do longa-metragem Brasil S/A.

    Os segredos daquela garota

    O filme pernambucano Sem Coração, de Tião e Nara Normande, traz a história inusitada de uma garota que, para ser aceita no grupo de garotos, consente que eles tenham suas primeiras experiências sexuais com ela. A garota é chamada de Sem Coração, nome que funciona tanto para sua função depreciativa no grupo quanto pela misteriosa cicatriz que possui no peito. Ao mesmo tempo, esta garota se comunica bem com os animais... Os diretores construíram uma obra delicada e original, com excelente fotografia e um trabalho muito natural dos atores não profissionais, preparados por Maeve Jinkings. O resultado é poético, sensível, extremamente bem produzido. Certamente, o melhor curta-metragem apresentado no festival até agora.

    Poliana na cidade

    Depois do profissionalíssimo Sem Coração, o curta brasiliense Crônicas de uma Cidade Inventada trouxe uma narrativa bastante amadora às telas do Cine Brasília. Provavelmente cumprindo a cota de filmes locais, a história da diretora Luísa Caetano é constituída de uma série de entrevistas com anônimos na rodoviária da cidade. Cada um expõe sua vontade de ser ator e conta uma história em que gostaria de atuar. Em seguida, o filme tenta transformar suas histórias em pequenos filmes dentro do filme. Embora assuma sua comicidade e suas dificuldades de produção (com muito recurso à metalinguagem), Crônicas de uma Cidade Inventada padece de um olhar bastante ingênuo e idealizado das dificuldades sociais. A diretora se contenta em trazer alguns minutos de lirismo a cada entrevistado, com um faz de conta tão gentil quanto superficial. 

    Absurdo carnaval

    O pernambucano Brasil S/A, de Marcelo Pedroso, surpreendeu a plateia do festival com uma obra no mínimo inusitada. O diretor faz uma colagem de esquetes cômicas, sem diálogos, tendo como pano de fundo os absurdos da vida moderna. Trabalhadores sendo trocados por máquinas, burguesia que não tolera o trânsito e a família de comercial de margarina são parodiados no filme. Embora a obra tenha seus bons momentos, com imagens interessantes, o conjunto é um tanto incoerente, e o tal discurso social se perde na aleatoriedade das esquetes. O conjunto torna-se arrastado e monótono. Ao final da projeção, Brasil S/A recebeu aplausos pouco entusiasmados, resultado da confusão que deixou nos espectadores. Confira a nossa crítica.

    No terceiro dia de competição, o Festival de Brasília 2014 apresenta o longa-metragem Pingo d'Água, de Taciano Valério, e os curtas Vento Virado, de Leonardo Cata Preta, e Geru, de Fábio Baldo e Tico Dias. Ao longo do dia, também serão exibidos os filmes O Amuleto de Ogum, na Mostra Reflexos do Golpe, O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias, na Mostra Luta na Tela, e Jogo de Cena, na Mostra Eduardo Coutinho.

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