Não é à toa que o Festival de Toronto mirou na Coréia do Sul (mais especificamente a capital, Seul) para o programa City to City, que tem como objetivo apresentar uma seleção recente de filmes de determinada localidade.
Um dos nomes mais badalados da cinematografia contemporânea daquele país, Joon-ho Bong – e quem teve a chance de assistir a O Hospedeiro e Expresso do Amanhã (com Chris Evans) sabe do que a gente está falando – talvez seja o principal representante atual da cinematografia daquele país.
Pois este Haemoo, que teve sua estreia internacional (não na City to City) dentro da seção Apresentações de Gala nesta sexta-feira, 5, pode não ter o verniz estilístico dos filmes de Bong, mas tem o próprio Bong envolvido. É dele a coautoria do roteiro (e produção) ao lado de Sung Bo Shim, seu conterrâneo que faz dessa uma brilhante estreia na direção de longas metragens.
Shim opta por um caminho diferente do parceiro, mais realista. Porém, sem perder a poesia. O filme é bem acessível para as plateias do lado de cá do meridiano de Greenwich, sem aquilo que, por uma diferença cultural, os ocidentais poderíamos taxar como exagerado.
No longa, baseado em um fato real, uma sucessão de acontecimentos se passa em um navio pesqueiro depois que o capitão da embarcação, falido, resolve transportar imigrantes ilegais para a Coreia do Sul.
Ele comanda uma equipe enxuta, mas heterogênea – da qual um jovem membro se apaixona por uma refugiada. “Nunca embarque uma mulher em um barco de pesca”, avisa o comandante. A julgar pelos quiproquós pelos quais a equipe passa, é bom ter isso em mente.