Pier Paolo Pasolini, um dos diretores mais polêmicos de todos os tempos, um verdadeiro ícone no cinema italiano. Quase 40 anos após seu falecimento, ele ganha vida nas telonas através de uma cinebiografia dirigida por Abel Ferrara. Pasolini, um dos filmes mais aguardados da mostra competitiva do Festival de Veneza deste ano, foi exibido hoje pela manhã para a imprensa mundial. O resultado? Aplausos entusiasmados.
O longa-metragem não tem como objetivo acompanhar toda a vida de Pasolini, mas apenas de narrar como teriam sido seus últimos dias. Diante desta proposta, Ferrara apresenta o universo do diretor a partir de sua última entrevista e das pessoas com quem lidava, explorando ainda comentários sobre Hollywood e cenas típicas de seus filmes, com forte conteúdo sexual. É a partir destes conceitos subjetivos que Pasolini, a pessoa, é apresentado ao público, uma opção inteligente que evitou um possível didatismo que tornaria o filme bastante careta - um contrasenso total em se tratando do personagem título.
Além disto, um dos grandes trunfos do longa-metragem é o vislumbre daquele que poderia ter sido o último trabalho de Pasolini, um filme dentro do filme estrelado por Ninetto Davoli e Riccardo Scamarcio repleto de um delicioso sarcasmo.
Pasolini, o filme, é um respeitoso e representativo retrato daquele que é, até hoje, um dos mais cultuados diretores europeus, interpretado com competência por Willem Dafoe (mas sem brilho). Seu grande mérito não é apresentar ao público quem foi Pasolini, mas seu ponto de vista. Isso, Abel Ferrara faz com extrema habilidade. Bastante aplaudido após a sessão e também na coletiva realizada hoje à tarde, o longa-metragem já desponta como um dos principais candidatos aos prêmios principais do Festival de Veneza 2014.