Por mais que a mostra competitiva do Festival de Veneza esteja se destacando pela qualidade, faltava ainda o filme que chamaria a atenção pela polêmica. Ontem à noite, ele enfim apareceu: Sivas, representante turco dirigido por Kaan Müjdeci.
O longa-metragem acompanha a história do garoto Aslan (Dogan Izci), de 11 anos, boca suja e respondão. Seu comportamento é decorrente da difícil relação que mantém com o irmão mais velho, repleta de brutalidade, o que faz também com que não veja nada de mais em assistir brigas entre cachorros. Após uma delas, Aslan decide ficar com o cão perdedor, abandonado para morrer por seu antigo dono.
Não pense você que esta é uma história de parceria e união entre um menino e seu cão. Tal comunhão até existe, mas sob outro aspecto: Aslan quer que Sivas, o cachorro, se recupere para que possa lutar mais uma vez. Tudo para que ele, o garoto, tenha o respeito almejado entre os colegas. Tamanha dureza surpreende aqueles que nutrem carinho pelo animal, ainda mais por vir de uma criança.
Entretanto, a grande polêmica em torno do filme vem justamente das brutais cenas de briga entre cachorros, com direito a sangue e muitas mordidas. Por mais que a edição às vezes amenize o confronto, ainda assim impressiona. Vários foram os jornalistas que deixaram a sessão revoltados, dizendo que o filme deveria ser denunciado à sociedade protetora dos animais. Curiosamente, ao término dos créditos finais consta a já tradicional frase "nenhum animal foi ferido durante as filmagens".
Vale lembrar que, no Festival de Cannes deste ano, outro longa envolvendo brigas entre cachorros teve destaque: White God, vencedor do prêmio de melhor filme na mostra Un Certain Regard e representante da Hungria no próximo Oscar de filme estrangeiro.