Não é de hoje que os grandes festivais de cinema têm se aproveitado da popularidade dos filmes de animação para promover uma sessão especial, voltada para o público infantil, geralmente fora de competição. Se no Festival de Cannes deste ano este papel coube a Como Treinar o Seu Dragão 2, em Veneza tal tarefa ficou a cargo de Os BoxTrolls. Uma verdadeira legião de crianças, de todas as idades, invadiu a Sala Grande para conferir a nova produção da Laika Entertainment.
Explorando a sempre charmosa animação em massinha, a mesma técnica aproveitada em A Fuga das Galinhas e Wallace & Gromit - A Batalha dos Vegetais, o longa-metragem segue bem o estilo sombrio de filmes anteriores da produtora, como A Noiva Cadáver, Coraline e o Mundo Secreto e ParaNorman. A história gira em torno dos seres do título, que vivem nos esgotos e se chamam pelos nomes que estão escritos nas caixas que "vestem". Entre eles está um garoto, Eggs (voz de Isaac Hempstead-Wright), que vive como se fosse um boxtroll normal, por mais que ele mesmo saiba que é bem diferente de sua família.
Por mais que traga uma animação de qualidade e até prenda a atenção, Os BoxTrolls acaba repetindo sem a mesma competência a fórmula de outro sucesso da Laika: A Noiva Cadáver. Se no filme dirigido por Tim Burton os mortos eram mais animados do que os vivos, algo similar acontece em Os BoxTrolls, já que os "monstros" na verdade são os humanos e suas regras aristocráticas onde valorizaram gestuais em detrimento das pessoas. A diferença é que, aqui, não há a mesma criatividade no desenvolvimento deste contraste entre os dois universos.
Apesar de sua ambientação bastante escura, que pode afastar as crianças menores, Os BoxTrolls diverte em alguns momentos. Especialmente o vilão dublado por Ben Kingsley, com sua habitual voz imponente, que chega a se travestir durante o filme. Vale destacar também a brincadeira pós-créditos, onde os personagens falam sobre as dificuldades na realização de um filme usando a técnica do stop-motion.