Festivais de cinema não costumam ser palco para documentários relacionados a futebol, ainda mais quando são produções institucionais de seus próprios clubes. Diante disto, causou estranheza a seleção de Messi, por mais que tenha sido relevado à mostra paralela Venice Days. A explicação talvez passe pelo reconhecimento mundial do jogador, vencedor da Bola de Ouro por quatro anos consecutivos, e o histórico do diretor Álex de la Iglesia, responsável pelos elogiados Crime Ferpeito e Balada do Amor e do Ódio.
Apoiado oficialmente pelo Barcelona, Messi nada mais é do que um retrato burocrático sobre a infância e formação daquele que é o maior artilheiro da história do clube. É bem verdade que o filme traz algumas imagens de arquivo interessantes, especialmente quando o jovem Messi ainda morava na Argentina, mas a apresentação didática em tom cândido, sempre ressaltando a superação enfrentada, cansa. Não há qualquer contestação nem menção às acusações de que teria problemas com colegas de elenco que não jogassem em sua função, como relatado pela imprensa mundial nos últimos anos. O objetivo do filme é consagrar Messi, o homem e o jogador. Apenas isto.
Para tanto, Álex de la Iglesia foge de suas características criativas para oferecer um documentário quadrado, calcado em depoimentos de amigos de infância e pessoas importantes na carreira, todos reunidos em um jantar, e ainda cenas da infância do jogador gravadas por atores. Trata-se de um filme feito por um fã, sem qualquer objetivo que não seja o de exaltar seu ídolo, que ainda por cima é econômico ao mostrar os gols do craque.
Curiosamente, Messi já havia sido exibido publicamente antes mesmo do Festival de Veneza. O longa-metragem teve uma pré-estreia no Rio de Janeiro em 2 de julho deste ano, devido à realização da Copa do Mundo no país.
