Quem acompanha a programação do circuito de arte tem boas chances de conhecer o diretor Kim Ki-Duk, responsável por obras que ficaram um bom tempo nas salas brasileiras, como A Casa Vazia e Primavera, Verão, Outono, Inverno e... Primavera. Após ganhar o Leão de Ouro de 2012 por Pietá, o diretor virou figura constante no Festival de Veneza: ano passado exibiu o excelente (e ainda inédito no Brasil) Moebius, fora de competição, e em 2014 apresenta seu novo filme, One on One, na mostra paralela Venice Days. Curiosamente, este novo trabalho lembra um pouco o filme que lhe rendeu o prêmio máximo do festival, por mais que não tenha a mesma qualidade.
Assim como Pietá, One on One é violentíssimo e apresenta cenas de puro sadismo. Kim Ki-Duk mais uma vez demonstra habilidade em manipular situações desconfortáveis para o espectador, pelo grau de violência física retratada. A história gira em torno de um grupo que passa a sequestrar pessoas ligadas a um evento específico ocorrido no passado. Aprisionadas, elas são obrigadas a escrever uma carta assumindo a culpa e "assiná-las" com a própria mão manchada de sangue.
Explorando bastante o mistério em torno de quem são estas pessoas e o porquê dos sequestros, One on One apresenta uma grande variedade de métodos de tortura - um prato cheio para o diretor, que já tem uma queda por traumas, físicos e psicológicos. Entretanto, o filme derrapa justamente quando começa a revelar os motivos. Questionamentos sobre a própria brutalidade demonstrada ganham espaço, levando a reflexões superficiais sobre poder e culpa. O resultado é um filme irregular, que perde o pique com o decorrer da narrativa.
O AdoroCinema está em Veneza para, pela primeira vez, trazer a você todas as novidades sobre um dos festivais de cinema mais importantes da atualidade. Fique ligado!