Pelo segundo ano consecutivo, a mostra competitiva brasileira tem se mostrado mais interessante do que a latina, no Festival de Gramado. Até a noite de ontem o principal destaque era O Crítico, apesar de ser um filme que toca mais aos jornalistas do que propriamente ao público em geral, pelo ambiente típico dos críticos de cinema e da redação de um grande veículo de comunicação. Esta hegemonia foi quebrada com a exibição do sensível Las Analfabetas, do diretor estreante Moisés Sepúlveda.
O longa-metragem acompanha a vida de Ximena, uma senhora que não sabe ler e, por mais que enfrente dificuldades no dia a dia, se recusa a aprender. Não por preguiça, mas porque o aprendizado significa admitir para si mesma o analfabetismo, algo que a irrita profundamente. A situação muda de figura quando ela encontra uma professora recém-formada, cujo idealismo entra em choque com a sua teimosia.
Baseado no temperamento de suas personagens principais, Las Analfabetas é um filme delicado que, aos poucos, revela mais do que a mera questão do analfabetismo e suas implicâncias na vida adulta. Um dos destaques do longa-metragem é a atuação de Paulina García como Ximena, um papel bem diferente do que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Berlim 2013, por Gloria.
A mostra latina do Festival de Gramado chegará ao fim nesta sexta-feira, com a exibição da coprodução Brasil-Argentina Algunos Días Sin Musica, de Matías Rojo.