Após a exibição de cinco filmes brasileiros, chegou a vez dos latinos entrarem em campo no Festival de Gramado. O primeiro longa-metragem da mostra competitiva destinada aos nossos hermanos foi exibido ontem à noite: a comédia O Crítico, de Hernán Guerschuny, que traz um ambiente bem familiar aos que costumam acompanhar o universo da sétima arte sob o viés jornalístico. Isto porque o personagem principal nada mais é do que um crítico de cinema!
Tendo a sétima arte como matéria-prima, o diretor colocou em cena boa parte dos clichês em torno da profissão: a fama de ranzinza, a prioridade à razão em detrimento da emoção, as ofensas vindas de leitores (e diretores que receberam crítica negativa), a glorificação à nouvelle vague... Isto em uma trama que ainda desconstrói as comédias românticas, de forma a também se tornar uma delas mesmo criticando-as bastante. Trata-se de um roteiro muito bem construído, calcado nos meandros do jornalismo cultural e do próprio cinema.
A curiosidade é que Guerschuny dirige há vários anos uma revista de cinema na Argentina, Haciendo Cine, na qual também escreve críticas de filmes. Ou seja, ele conhece bem o meio retratado em seu longa-metragem de estreia.
Hoje à noite a mostra latina segue a pleno vapor, com mais dois longa-metragens: El Lugar del Hijo, de Manuel Nieto, e Esclavo de Dios, de Joel Novoa.
