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    Gramado 2014: Aventura infanto-juvenil O Segredo dos Diamantes diverte o público

    Filme dirigido por Helvécio Ratton traz elementos de Harry Potter e O Código Da Vinci em uma história bem brasileira.

    Cleiton Thiele/PressPhoto

    Helvécio Ratton conseguiu mais uma vez. Diretor de Menino Maluquinho e Pequenas Histórias, dois filmes voltados para o público infanto-juvenil sem perder a brasilidade, o diretor apresentou em Gramado seu mais recente longa-metragem: O Segredo dos Diamantes, uma nova aventura voltada para os jovens. O filme, leve e divertido, conquistou boa parte dos presentes no Palácio dos Festivais.

    O longa-metragem acompanha a saga de Ângelo (o estreante Matheus Abreu), que, ao lado de dois amigos (Rachel Pimentel e Alberto Gouveia, também atores de primeira viagem), tenta decifrar um enigma que pode levá-los a um punhado de diamantes supostamente escondidos há mais de 200 anos. Com elementos que lembram a dinâmica do trio principal das séries Harry PotterPercy Jackson e uma pitada de O Código Da Vinci, no sentido de buscar pistas em livros, O Segredo dos Diamantes ainda explora com habilidade a beleza histórica das cidades do interior de Minas Gerais, provocando um contraste interessante com a modernidade presente nos smartphones e na internet, que possuem papel importante dentro da história.

    Em coletiva concedida aos jornalistas, Ratton revelou que tomou conhecimento da história durante as filmagens de A Dança dos Bonecos, ainda na década de 1980, com uma diferença importante: na versão original, o objetivo para encontrar os diamantes era pagar a dívida externa brasileira (!!!). No filme, Ângelo deseja bancar a cirurgia de seu pai, que está em coma. "A história do filme é uma síntese de tudo o que vi, li e ouvi", disse o diretor.

    Helvécio ainda comentou a possibilidade de seu filme agradar a crianças um pouco mais velhas, aquelas em torno de 35 anos, que vibraram na infância com Os Goonies e O Enigma da Pirâmide. "Sabendo que a criança não vai sozinha ao cinema, sempre pensei também em quem vai acompanhá-la." O diretor falou também sobre a dificuldade em encontrar bons filmes para o público infantil, especialmente no Brasil. "Tenho quatro filhas e sempre as levei ao cinema. A maior parte das produções para crianças era muito ruim, muito mercantilizada. No Brasil tinha a Xuxa, sem palavras, e uma vez ou outra alguma produção mais bem cuidada dos Trapalhões. Então, até como reação, resolvi fazer filme de qualidade para esta garotada."

    Um dos destaques do longa-metragem é o vilão cartunesco interpretado por Rui Resende, ausente na coletiva. "O Rui é um ator maravilhoso, que adoro", disse o diretor. "A gente o chamou para vir no festival, mas ele disse que em Gramado era muito frio", complementou a produtora Simone Matos. Curiosamente, a coletiva de O Segredo dos Diamantes aconteceu justamente no dia mais quente do festival, quando os termômetros da cidade registraram 24º (algo raríssimo nesta época do ano por aqui).

    Aproveitamos a oportunidade para perguntar ao diretor sobre o momento atual do cinema brasileiro, que tem apostado em suspenses (Isolados), animações (Uma História de Amor e Fúria e O Menino e o Mundo) e em aventuras infanto-juvenis tipo O Segredo dos Diamantes. "Quando vim trabalhar profissionalmente no Brasil sempre achei estranho a gente trabalhar em certos nichos, o que parecia que o nosso gênero era cinema brasileiro. Acredito que você tem um cinema forte quando começa a apostar em várias áreas, de forma aberta. Alguns filmes recentes, como O Lobo Atrás da Porta, mostram que o cinema brasileiro pode ser ampliado e ter uma diversidade de público muito grande. Obviamente não é fácil, ainda mais ao fazer um filme de gênero em uma país que não tem tradição nele. É sempre muito complicado."

    Ainda nesta linha, Helvécio comentou sobre as dificuldades enfrentadas por não ter um nome de peso no elenco de O Segredo dos Diamantes. "É complicado quando se vai falar com um distribuidor e a resposta é que seu filme não tem atores que possibilitem um lançamento em mais salas. Este é um processo que sempre tento dar a volta, porque não quero me sentir obrigado a escalar atores da Rede Globo em meus filmes."

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