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    Gramado 2014: Filmes de guerra dão o tom da programação de sábado

    Os Senhores da Guerra, de Tabajara Ruas, e A Estrada 47, de Vicente Ferraz, foram apresentados ao público.

    Cleiton Thiele/PressPhoto

    Após a exibição do elogiado A Despedida no dia de abertura do Festival de Gramado, sábado foi dia de conhecer mais dois candidatos aos cobiçados Kikitos. Curiosamente, ambos tinham a mesma proposta: abordar a guerra, por mais que tratem de conflitos bem diferentes.

    O primeiro longa da noite foi Os Senhores da Guerra, dirigido por Tabajara Ruas e com um extenso elenco formado principalmente por atores gaúchos. Abordando a Revolução de 1923, na qual os maragatos enfrentaram os chimangos devido à permanência de Borges de Medeiros no governo do Rio Grande do Sul há mais de 20 anos, o longa centra a narrativa em torno de Júlio Bozano (Rafael Cardoso) e seu irmão Carlos (André Arteche, o garoto de Houve uma Vez Dois Verões), que lutam em lados opostos.

    Por mais que tenha obtido amplo apoio popular, com aplausos em cena aberta em quatro momentos, Os Senhores da Guerra é um filme muito, mas muito ruim mesmo. Equivocado sob diversos aspectos técnicos, trata-se de um longa bastante didático e, ainda assim, confuso, devido à imensa quantidade de personagens e à falta de direcionamento da trama. Uma explicação plausível para sua presença na mostra competitiva é a conhecida vaga reservada à uma produção local, o que justifica também o apoio popular. "É a história do Rio Grande!", bradou um espectador durante a coletiva de imprensa realizada hoje pela manhã.

    Felizmente, o segundo longa da noite provocou uma reviravolta em relação à qualidade. A Estrada 47, dirigido por Vicente Ferraz e estrelado por Daniel de Oliveira, Júlio AndradeFrancisco Gaspar e Thogun, acompanha os esforços de uma tropa da Força Expedicionária Brasileira em plena Segunda Guerra Mundial. Isolada em uma montanha coberta de neve, cinco militares e um jornalista precisam encontrar a tal estrada do título para desativar as minas existentes nela, que impedem o avanço das tropas norte-americanas.

    Ambicioso e bastante coeso, A Estrada 47 impressiona pelo apuro técnico da produção, inteiramente rodada na Itália, e também pela abordagem humana dada aos personagens principais. A presença da FEB na guerra é tratada sob um tom crítico, levantando questionamentos relevantes sem desprezar os envolvidos na batalha (e nem o público). Sem glorificação, mas reconhecendo os feitos conquistados. Muito bom filme, que desponta para os principais Kikitos a serem entregues neste ano.

    Hoje à noite apenas um filme será exibido na mostra competitiva: O Segredo dos Diamantes, aventura infanto-juvenil dirigida por Helvécio Ratton. O AdoroCinema, é claro, estará lá!

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