Christiane Torloni está de nova profissão. Tendo participado ativamente da campanha pelas Diretas Já, em 1984, e criadora do manifesto Amazônia Para Sempre, em 2007, ela bem que poderia ter se dedicado profissionalmente às ciências sociais ou à antropologia, mas resolveu não ir muito longe do seu métier. Agora, La Torloni, como é conhecida, pode incluir no curriculum as funções de diretora e produtora de cinema.
Neste sábado, a atriz participou do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), na Cidade de Goiás, onde falou sobre o seu documentário, Amazônia: da Cidadania à Florestania, O Despertar, codirigido por Miguel Przewodowski. “O filme é um documentário em longa-metragem. Ele conta a história de uma rede de personagens, basicamente a partir de (Cândido) Rondon, até o século XXI. São personagens que, através da sua trajetória, construíram uma malha de sustentabilidade. Então, temos o Darcy (Ribeiro), os irmãos Villas-Bôas, o (poeta) Thiago de Mello, Tom Jobim, Miriam Leitão, o Milton Nascimento, muitos outros”, ela explica.
E vai além: “quando eu fui gravar (a minissérie) Amazônia, de Galvez a Chico Mendes, tive a oportunidade de conhecer o escritor chamado Antônio Alves, que é um dos pensadores desse conceito florestania”. O termo foi criado pelo acreano nos anos 1980. Se por cidadania se entende o sujeito que habita as cidades, florestania seria, por tabela, o conjunto de relações e direitos do habitante com a Floresta Amazônica.
O projeto Amazônia Para Sempre, aliás, teve início na época das filmagens da produção da TV Globo, em 2007, quando Christiane Torloni teve contato com a realidade da floresta de maneira mais intensa. E, ao lado do ator Victor Fasano, resolveu criar o manifesto, com o objetivo de sensibilizar a população brasileira sobre a situação alarmante da floresta. Foi criado, então, um abaixo-assinado, ao qual aderiram artistas como Gisele Bündchen, Malu Mader e Fábio Assunção, entre mais de um milhão de pessoas.
“Nunca a bancada ruralista se expôs de maneira tão clara como no ano passado, com a discussão da mudança do Código Florestal, o que é inconstitucional, atuando sobre uma brecha”, ela se revoltou. “Por que que a gente vota nesse lixo político? Eu não me casaria com nenhuma dessas pessoas, eu não convidaria elas para jantar na minha casa, eu não teria filhos com elas, então, porque eu vou votar nelas?”, disparou.
Sobre o convite para participar do Fórum Ambiental do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, a atriz agradeceu o “voto de confiança”. “Eu acabei de filmar tem duas semanas. E o filme deve ficar pronto no segundo semestre”, adiantou. “É como se eu estivesse começando uma nova carreira”.
O FICA termina neste domingo, quando serão conhecidos os vencedores da edição 2014.