Em um cenário dominado por documentários e pontuado por algumas animações (e muitas ficções experimentais), um filme agradou mais do que os demais até o segundo dia da mostra competitiva do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA) 2014. Nesta quinta-feira, foi exibido o curta-metragem de ficção Grünes Gold (algo como Ouro Verde), da alemã Barbara Marheineke.
Em apenas 13 minutos, a diretora dá sua bem-humorada versão sobre os motivos que teriam levado os Estados Unidos a entrar em guerra contra o Iraque por duas vezes em um relativamente curto espaço de tempo. Em formato de mockumentary (um documentário zombeteiro, em tradução literal), o filme, muito aplaudido, traz depoimentos de cientistas e militares que, a partir de relatos atuais e “de época”, explicam a mutação de um lagarto no deserto do Iraque, que resultou no bichinho fofo da foto aí de cima. O amigo verde produz um potente excremento que, convertido em energia, basta ser usado em pequena quantidade para iluminar a cidade de Nova York inteira por um longo período.
A disputa pela matéria energética, então, justificaria a invasão do país do Oriente Médio pelas tropas americanas em 2003. E, como o principal alimento do ser mutante é o gás produzido pela explosão das bombas, a primeira investida dos EUA na região, a Guerra do Golfo (em 1990), teria servido como pretexto para alimentar o monstro. Literalmente.
“A gente vê aqui um monte de filmes que não dá pra entender. Esse é divertido”, comentou a estudante Camila Arruda, de 18 anos. Mais do que entreter, o filme propõe, no fim das contas, uma reflexão sobre quais seriam os verdadeiros motivos da invasão, uma vez que nunca foram encontradas as tais armas de destruição em massa, alegação primeira dos Estados Unidos.
Infelizmente, a realizadora do curta-metragem não pôde estar presente na Cidade de Goiás para conversar sobre seu filme – muitos realizadores estão na cidade a convite do FICA. Mas o público brasileiro terá uma nova chance de ver o bichinho bonito e verdinho na próxima edição do Anima Mundi, que começa no fim de julho. O FICA vai até 1 de junho, quando serão conhecidos os vencedores da mostra.