Um adolescente está se masturbando com um mamão (não com “uma mão”, com a fruta mesmo). Ele ouve os passos da mãe subindo as escadas, quando já está quase “lá”. Ela bate na porta. Ele não se controla. Não, não se trata de um novo American Pie, mas de um legítimo mamão brasileiro. O AdoroCinema acompanhou um dia de filmagem de O Último Virgem (mas não a cena descrita no início deste texto).
Virgens na direção de um longa-metragem, Rilson Baco, 33 anos, e Felipe Bretas, 32 (também produtores), comandam o filme, centrado na história de Dudu (Guilherme Prates), um adolescente tímido (e virgem), que interpreta de maneira errada um convite da professora, Débora, papel de Fiorella Mattheis. A trama se desenrola ao longo de um dia, no qual Dudu, no último ano do ensino médio, passa pelas mais variadas situações para perder a virgindade, com o objetivo de fazer bonito na sua noite de sexo com a professora. Pelo menos, é o que ele acha que vai acontecer.
O Último Virgem pretende fazer uma releitura nacional das comédias sexuais americanas da década de 1980, mostrando o universo adolescente "sem pudores". “Veio uma reformulação desse gênero na década de 1990. O American Pie nada mais é do que uma releitura de todos esses filmes”, conceitua Rilson. O cinema de John Hughes (Curtindo a Vida Adoidado, Mulher Nota 1000), o clássico Porky’s (para quem tem mais de 30), A Última Festa de Solteiro e até os mais recentes Sex Drive e Se Beber, Não Case! entram no caldo de referências.
“A intenção é trazer a história para o nosso universo, de sol, Rio, praia, belezas naturais e mulheres lindas”, comenta Rilson. Bretas emenda: “a gente não tinha visto nada entre as comédias recentes nacionais com a pegada que a gente está fazendo, uma comédia sexual, jovem, que trata a sexualidade de um modo informal”. “O filme está querendo quebrar com essa coisa de idealizar a primeira vez, sempre tratada como um conto de fadas”, acredita, por sua vez, Guilherme, que aponta o sinal dos tempos: “hoje, a adolescência é vivida com muita informação, por causa da internet. O jovem aprende tudo sobre sexo antes mesmo de experimentar”.
O roteiro é do multitarefas Lipy Adler, 29 – ao lado de L.G.Bayão. Ator, produtor, roteirista, compositor e cantor, era Adler quem apertava o botão do play para a música tocar na cena, de festa, que estava sendo filmada na Casa da Gávea, no bairro homônimo do Rio de Janeiro, no dia em que o AdoroCinema acompanhou as filmagens, em meados de maio – uma música dele, diga-se.
Em 2007, Lipy havia escrito a peça O Último Virgem Carioca, da qual o filme só herdou a questão central, da descoberta da paixão entre dois melhores amigos (ou você achou que Dudu ia ficar na mão?). Bia Arantes dá vida a Julia, da turma de Dudu. “Ela tem uma criação mais masculina, é do tipo que usa camisa de banda, que não se preocupa com a fofoquinha das meninas, e é superamiga dos meninos”, defende a intérprete.
“Existe uma nova geração americana que, pra mim, é referência. O James Franco, o Channing Tatum, o Justin Timberlake, entre outros da mesma faixa etária, fazem seus próprios filmes, apresentam os roteiros, eles mesmos produzem”, se inspira Adler.
O elenco central é jovem e quase todo estreante em cinema. Guilherme Prates foi protagonista do seriado Malhação e participou da primeira fase da novela Em Família (TV Globo). Bia Arantes também protagonizou a novela teen da Globo e participou das telenovelas Cama de Gato e Sangue Bom. Os amigos de Dudu são vivido por Éverlley Santos (Borges), Christian Villegas (Gonzo) e pelo Escova, o repetente, vivido pelo próprio Lipy Adler. Pelo time das meninas: Gabi Lopes (Bia), Amanda de Godoi (Cacau) e Camila Mayrink (Joana). E, no elenco “veterano”, além de Fiorella Mattheis, Lisandra Souto, como a mãe de Dudu; Werner Schünemann; Márcio Kieling; Marco Antônio Gimenez; e a Panicat Renata Molinaro. André Ramiro (Tropa de Elite) vive um cafetão.
Sexo, drogas e zoação, claro, fazem parte da trama. “A gente não quis censurar. O meu personagem chama o gordo (Gonzo) de gordo mesmo. Ou de panda grávido. É politicamente incorreto, mas a gente se relaciona assim na vida. Não tem nada que os adolescentes não façam”, segundo Adler. “Mas sempre com uma leveza”, frisa Bretas: “os personagens comentam indiretamente sobre maconha, por exemplo, mas a droga nunca é mostrada”.
Com um orçamento de um milhão de reais, as filmagens de O Último Virgem foram iniciadas em abril e terminaram nesta semana, no Rio, em locações como praia, o estádio de São Januário (do Vasco da Gama) e Vila Mimosa (tradicional zona do meretrício carioca). O longa marca a estreia no cinema da produtora Patota Produções Artísticas, com coprodução da Kliky Produções e da Multiphocus. Com distribuição da Downtown Filmes, a previsão de estreia é o verão de 2015. Ah, e o doce preferido da mamãe de Dudu é mamão com leite condensado.