Após a exibição de 18 longa-metragens, chegou ao fim a mostra competitiva do 67º Festival de Cannes. O último filme apresentado à imprensa internacional foi o francês Clouds of Sils Maria, dirigido por Olivier Assayas, na manhã de hoje.
Assim como acontece em Maps to the Stars, Clouds of Sils Maria tem como tema principal o próprio cinema. Entretanto, se o novo filme de David Cronenberg é uma crítica a Hollywood, incluindo toda a obsessão pela fama, aqui a questão é abordada sobre uma ótica diferente. O longa-metragem acompanha o cotidiano da badalada atriz Maria Enders (Juliette Binoche), que recebeu um convite para estrelar a refilmagem do projeto que a revelou, 19 anos atrás. O foco de Assayas está justamente nas dúvidas e na preparação necessária para este novo filme, assim como a forma pela qual os astros da atualidade são retratados pela mídia em geral.
Diante deste interesse, há um bom debate sobre o cinema contemporâneo entre a personagem de Binoche e sua assistente, interpretada por Kristen Stewart. A grande questão: a produção cada vez mais frequente de filmes de grande orçamento envolvendo personagens fantasiosos. Tudo porque a atriz escolhida para interpretar o papel que foi de Enders quase duas décadas atrás é Jo-Ann Ellis (Chloë Grace Moretz), que ganhou fama justamente interpretando uma mutante com poderes.
Bem atuado, Clouds of Sils Maria desperta uma certa curiosidade justamente por contrapor uma atriz notoriamente celebrada por suas boas interpretações, como Binoche, com outra que despontou em um destes fenômenos pop debatidos pelo próprio filme, como é o caso de Stewart. Entretanto, o filme jamais consegue ir além do que a mera troca de ideias sobre o cinema contemporâneo, sendo apenas interessante.
Na coletiva realizada logo após a sessão, Chloë Moretz parecia desconfortável toda vez que alguém citava sua participação nos filmes da série Kick-Ass, talvez por identificar sua personagem entre as descritas no filme como "sem profundidade". A atriz ressaltou que aceitou participar de Clouds of Sils Maria devido à presença de Olivier Assayas na direção. "Vi Carlos uns anos atrás e adorei. Não há nada mais motivador do que o cinema francês, é algo revigorante."
Questionada sobre como foi interpretar uma personagem que, assim como ela, é uma atriz, Juliette Binoche ressaltou uma grande vantagem. "Sei como é a vida dela, mas ainda assim preciso criar uma personagem. Não precisei fazer pesquisa três meses antes das filmagens!"
