Assim que foi anunciada a programação da Un Certain Regard, mostra paralela do Festival de Cannes, um título chamava a atenção: Lost River, estreia de Ryan Gosling na direção. Tamanha expectativa resultou numa fila imensa para conferir a primeira exibição do longa-metragem no evento, ocorrida hoje à tarde. Só que muitos dos que compareceram não ficaram dentro da sala por muito tempo, já que o filme sofreu uma das maiores debandadas vistas no festival deste ano.
Debandada justa, diga-se de passagem. Gosling incorreu em um erro comum em diretores de primeira viagem: a obsessão em produzir imagens estilizadas, na tentativa de exibir uma estética "revolucionária" na sétima arte - ou simplesmente mostrar o quanto pode ser cult, no pior sentido do termo. Com isso, seu Lost River é repleto de cenas emblemáticas que nada dizem, com direito a câmera desfocada e até invertida e litros e mais litros de sangue. Sim, pois a trama rocambolesca envolve um número "cômico" envolvendo sadismo, onde a personagem de Eva Mendes é morta de variadas formas em cima de um palco.
Com a narrativa fragmentada e uma boa dose de bizarrices, o longa-metragem acompanha a saga de uma mãe (Christina Hendricks) e seus dois filhos (Iain De Caestecker e o pequeno Landyn Stewart), cuja casa está prestes a ser demolida. Ela busca apoio em uma casa de shows macabra, enquanto que ele perambula pela cidade ao lado de sua melhor amiga, Rat (Saoirse Ronan).
Bastante vaiado ao término da sessão, Lost River tornou-se uma das maiores decepções desta edição do Festival de Cannes, ao lado do suspense Captives, selecionado para a mostra competitiva.