“Quando o Ney (Matogrosso) dá uma entrevista para uma TV de Quixeramobim, ele pede uma cópia do vídeo. É impressionante”. A frase, do diretor Joel Pizzini, dá uma noção do tamanho do acervo do cantor/ ator acumulado ao longo de mais de 40 anos de carreira. Ao todo, foram cerca de 300 horas armazenadas, a maior parte em fitas, que Ney apresentou ao diretor do Canal Brasil, Paulo Mendonça – também letrista do Secos & Molhados, autor de clássicos como Sangue Latino e Medo Mulato.
A ideia era juntar tudo em um especial para o canal, até que Ney foi mordido pelo comichão da película: “E se não ficássemos restritos à TV?”. Outro parceiro da emissora a cabo, Pizzini, que já havia trabalhado com Ney em seu primeiro curta-metragem, o experimental Caramujo-Flor, sobre a obra do poeta Manoel de Barros, foi, então, convidado. E, não satisfeito, resolveu filmar um novo material que totalizou algo em torno de 200 horas adicionais. “O medo era que (só com imagens do acervo) o filme ficasse nostálgico. Filmamos nos três espaços de da memória dele, na cena de origem (Bela Vista, no Matogrosso do Sul), no sítio em Saquarema, e no apartamento onde mora”, justifica Joel.
O filme em questão é Olho Nu, não uma cinebiografia, mas um filme-ensaio sobre o artista, como definiu o diretor, e que estreia no próximo dia 15 de maio. Na entrevista exclusiva que o AdoroCinema fez com o diretor e o homenageado, que você confere abaixo, eles contam como surgiu o projeto, a necessidade de filmar novas cenas e as escolhas narrativas do documentário. Ney, que também é coprodutor do filme, ainda revelou, com orgulho, ter sido convidado para uma produção internacional – embora as negociações estejam ainda muito cruas.
Em tempo: o vasto material será, sim, aproveitado para a TV em formato de série; e já fizemos uma cópia do vídeo para o Ney.