Após uma abertura com dez curtas e um longa, o segundo dia do Cine PE voltou a se revelar uma maratona cinéfila. Foram exibidos neste domingo, 27 de abril, dois curtas e três longas. O grande destaque foi o documentário O Mercado de Notícias, de Jorge Furtado. O diretor de O Homem que Copiava ouviu grandes nomes do jornalismo brasileiro para traçar um panorama do atual momento da profissão, muitas vezes marcadas por interesses políticos e financeiros.
Os outros dois longas exibidos foram Getúlio, de João Jardim, e 1960, de Rodrigo Areias. Abaixo, você confere um panorama das sessões deste segundo dia de Cine PE.
A noite começou com o curta pernambucano Frascos, de Ariana Nuala, que não empolgou. O filme até arrisca ao inserir um trecho de animação no meio da narrativa, mas possui alegorias vazias e desinteressantes. Investe no psicodélico, mas não chega a cativar o público.
O segundo, e último, curta da noite foi o carioca Ecce Homo, de Clodoaldo Lino. O diretor reuniu imagens de abuso de animais e criou um filme forte, mas que parece querer chocar apenas por chocar. É um curta que grita sua opinião, terminando com um rock pesado que tenta aumentar o incômodo do público. Curiosamente, o curta opta por colocar seus atores sorrindo durante a apresentação dos créditos finais, o que diminui a força da denúncia.
Passados os curtas, chegou a hora de conferir o excelente O Mercado de Notícias (foto). É uma pena que Jorge Furtado filme tão pouco. Seu último trabalho a chegar aos cinemas foi Saneamento Básico, O Filme, tendo feito telefilmes neste meio tempo (Homens de Bem e Doce de Mãe). O Mercado de Notícias é um filme importantíssimo, debatendo a atuação da mídia no Brasil nos últimos anos. Ouvindo nomes fortes do jornalismo, como Jânio de Freitas, Geneton Moraes Neto, Mino Carta, Cristiana Lobo, dentre outros. Trata-se de um longa inteligente e envolvente, que deveria ser obrigatório em todo curso de jornalismo.
Exibido no caráter de hors concours, Getúlio, de João Jardim, foi muito bem recebido pelo público pernambucano. Com boas atuações de Tony Ramos e Drica Moraes, o longa conta os últimos dias de vida do ex-presidente, que se suicidou em 1954. Trata-se de uma boa reconstituição histórica, com cenas rodadas no próprio Palácio do Catete, antiga casa do Presidente da República, quando a capital ainda era o Rio de Janeiro. A cinebiografia entra em cartaz no próximo dia 1º de maio.
O doc português 1960 fechou a noite de exibições. Ele foi prejudicado por ser o último de cinco filmes passados numa noite de domingo. Boa parte do público deixou o cinema, que se manteve ocupado basicamente por jornalistas e jurados do festival. A sessão terminou depois de uma hora da manhã e o ritmo lento da produção não colaborou para cativar os espectadores. O filme é um diário de viagens focado na arquitetura de vários lugares do mundo, de Nova York à São Paulo. A ideia é boa e o texto original, retirado do diário do arquiteto Fernando Távora, é excelente. Mas as imagens amadoras e o ritmo lento prejudicam muito a produção.