por Bruno Carmelo
O festival Cinemara.BC, em Balneário Camboriú, apresentou na noite de 11 de abril o seu terceiro e penúltimo dia de mostra competitiva. Novamente, mais surpresas em um festival capaz de selecionar tanto os filmes de arte mais herméticos quanto as comédias mais despretensiosas. O belga Violet, de Bas Devos, e o sérvio Mamarosh, de Momcilo Mrdakovic, foram os longas-metragens apresentados, além do curta-metragem belga Norman, de Robbe Vervaeke, e do brasileiro Lar Doce Lar, de Tassia Quirino.
Norman foi a primeira e, se não me engano, a única obra de animação selecionada no festival. A técnica de sucessivas pinturas a óleo chamou a atenção e dominou os debates com o diretor após a sessão, embora a própria história do curta tenha ficado em segundo plano. A trama apresenta Norman, homem que tem uma obsessão (fetiche?) por pequenas sujeiras e secreções. Fica pouco claro o desenvolvimento desta compulsão/tara/curiosidade do personagem, o que despertou uma simpatia moderada do público pelo filme.
Violet foi apresentado pela curadora Barbara Sturm como um filme premiado na Berlinale, o que imediatamente elevou as expectativas quanto à obra. Embora trate de um assassinato, a história é condicionada pelos planos incrivelmente estetizados e lentíssimos do diretor. As imagens são instigantes, mas se sobrepõem completamente à história e funcionam como verdadeiro teste de paciência ao espectador. Uma beleza oca.
Lar Doce Lar foi um raro representante brasileiro do festival. O curta-metragem de conclusão de curso, produzido na FAAP, apresenta a ideia inusitada de duas corretoras de imóveis lutando para vender um apartamento de luxo a um milionário moribundo. Existe uma evidente intenção de crítica e sarcasmo na trama, mas o desenvolvimento simples do roteiro e o final lacônico não são capazes de dar conta das boas intenções da diretora.
Depois de três filmes depressivos, o sérvio Mamarosh trouxe um pouco de leveza à programação. O filme desenvolve a história de um homem solteiro e covarde, de mais de 40 anos de idade, que ainda mora com a mãe. O tom de fábula surreal ganha tons divertidos quanto satiriza a comunismo e o capitalismo, mas o orçamento limitadíssimo acaba transparecendo nas imagens fracas e diálogos explicativos, que informam o espectador o que a produção não tem capacidade de mostrar. Ao término do filme, diante da plateia silenciosa, o diretor revelou sua tristeza por não ouvir nenhuma risada durante a sessão, e lembrou, em tom de ironia: "É uma comédia, viu?".
Depois deste terceiro dia, o mais fraco da competição até agora, a quarta noite da mostra oficial traz os dois últimos longas-metragens em competição: Cruzeiro ao Paraíso e A Estranha Cor das Lágrimas do seu Corpo.
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