por Lucas Salgado
Um dos maiores escândalos da história de Hollywood, a separação entre Woody Allen e Mia Farrow até hoje dá o que falar. Os dois tiveram um relacionamento entre 1980 e 1992, que chegou ao fim de forma polêmica, com o diretor se envolvendo com a filha adotiva da atriz, Soon-Yi. Durante uma dura disputa judicial pela guarda dos filhos, Dylan e Ronan, surgiram as primeiras acusações de que Allen teria molestado a primeira, que tinha apenas sete anos, em 1993.
Agora, 21 anos depois, o caso volta à tona. Durante a homenagem recebida por Allen no Globo de Ouro 2014, tanto Mia quanto Ronan publicaram no Twitter referências ao suposto abuso. "Perdi o tributo ao Woody Allen - eles colocaram a parte em que uma mulher confirmou ser molestada por ele aos 7 anos antes ou depois de Annie Hall?", tweetou o filho, enquanto que a atriz atacou: "Uma mulher detalhou publicamente ser molestada por Woody Allen aos 7 anos de idade. O tributo do Globo de Ouro mostra um desrespeito a ela e a todos os sobreviventes de abusos."
Dylan Farrow, que ainda não havia se manifestado publicamente, escreveu uma carta aberta ao New York Times em que fala sobre o abuso. "Qual o seu filme favorito de Woody Allen? Antes de você responder, você deve saber: quando eu tinha sete anos de idade, Woody Allen me pegou pela mão e me levou para o sótão da nossa casa. Ele me disse para deitar com a barriga no chão e brincar com o trenzinho do meu irmão. Então, ele abusou sexualmente de mim. Ele falou comigo enquanto fazia isso, sussurrando que eu era uma boa garota, que este era o nosso segrego e prometendo que iríamos para Paris e que eu seria estrela de seus filmes. Eu me lembro de olhar para o trem e focar na viagem que ele fazia em volta do sótão. Até hoje tenho dificuldades de olhar para trens de brinquedo", acusou em um texto duro, em que ainda questiona atores como Cate Blanchett, Louis C.K., Alec Baldwin, Emma Stone, Scarlett Johansson e Diane Keaton pode trabalhar com o cineasta. Leia o texto na íntegra.
Os representantes de Allen informaram que o diretor leu a carta e que considerou as acusações mentirosas e vergonhosas. "Ele irá responder em breve", prometeram. Também reforçaram que ele nunca foi processado pelo caso.
Em um detalhado artigo, publicado antes do texto de Dylan, o diretor Robert B. Weide, de Woody Allen - Um Documentário, abordou o caso e relembrou as investigações que ocorreram em 93. Ele lembra que as acusações surgiram em meio a uma situação litigiosa e que o primeiro depoimento de Dylan foi em um vídeo gravado por Mia completamente editado, o que fez investigadores sugerirem que a atriz poderia estar "ensaiando" a filha entre os cortes. Além disso, reforça que houve uma grande repercussão do caso e que Dylan foi ouvida por policiais e médicos, relembrando o artigo do New York Times em que John M. Leventhal, médico responsável pela investigação, afirma: "Trabalhamos com duas hipóteses: uma, que estas foram declarações feitas por uma criança emocionalmente perturbada e que, em seguida, tornou-se algo fixo em sua mente. E a outra hipótese era de que ela foi treinada ou influenciada por sua mãe. Nós não chegamos a uma conclusão firme. Penso que é, provavelmente, uma combinação das duas". Weide também apresenta artigos em que babás que trabalhavam para o casal negavam as acusações e ainda sustenta que um dos filhos adotivos de Mia, Moses Farrow, hoje tem um contato próximo com Woody e afirma que o ambiente na casa da mãe era de lavagem cerebral. Confira o texto completo de Weide.
Dos nomes citados por Dylan em sua carta, apenas Cate Blanchett se manifestou. A estrela de Blue Jasmine, favorita ao Oscar de Melhor Atriz, afirmou: "Tem sido obviamente uma situação longa e dolorosa para a família e espero que eles consigam encontrar alguma resolução e paz."