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    Aconteceu em Saint-Tropez: Diretora conversa em exclusividade sobre nova comédia com Monica Bellucci

    Danièle Thompson explicou suas escolhas de elenco e de história, além de falar porque a religião judaica tem um papel importante nesta trama sobre uma família em crise.

    por Bruno Carmelo

    Nesta sexta-feira, chega aos cinemas de São Paulo e Rio de Janeiro a comédia Aconteceu em Saint-Tropez, dirigida por Danièle Thompson. Como de costume, a cineasta francesa reúne um grande elenco para esta história de uma complicada família judia. Monica Bellucci, Eric Elmosnino, Kad Merad, Lou de Laâge e Valérie Bonneton integram a trama repleta de casamentos, enterros e viagens pela Europa.

    O AdoroCinema já assistiu ao filme, e achou uma grata surpresa - leia a nossa crítica. Abaixo, você confere nossa conversa exclusiva com a cineasta durante o Festival Varilux de Cinema Francês, quando Thompson falou sobre o trabalho com os atores, sobre música e família, além de explicar porque Roman Polanski acabou sendo cortado do projeto:

    Você é uma adepta dos filmes corais, com vários personagens. O que te atrai nessa estrutura?

    As histórias que eu conto são sempre sobre pessoas em crise, e os problemas delas são sempre com outras pessoas. Por isso eu preciso de vários personagens, e eu adoro trabalhar com muitos atores. Eu adoro colocar atores em personagens inesperados, como pegar atores sérios para papéis cômicos. Isso sempre funciona melhor em filmes corais.

    Em Aconteceu em Saint-Tropez, você trata da religião judaica. Esse já era um tema que te interessava?

    Existe um fenômeno recente na França, tanto com os judeus quanto com os muçulmanos. São pequenas minorias. Dentro dessas minorias, se um membro da família quer mudar de religião, duas coisas podem acontecer: ou toda a família é religiosa e exclui essa pessoa, ou nem toda a família é religiosa e essa pessoa se radicaliza. Isso é um problema enorme. Eu não entendo bem, porque cada um deveria fazer o que quiser. Esse é o tema do filme: a intolerância que começa no círculo familiar, porque existe dificuldade em aceitar as diferenças, as escolhas, os maridos e esposas dos outros...

    A questão da honra e do respeito ao nome da família podem ser importantes neste caso.

    Mas esta história é mais leve. Este é uma família à beira da crise de nervos, e como há muitas ligações, eles conseguem sempre se reencontrar. Podem ter brigas, mas eles fazem as pazes. Quando existe um pai doente, por exemplo, todos se reúnem novamente. Família é assim mesmo. Esse também é um filme sobre o perdão: embora algumas coisas não possam ser modificadas, outras podem se transformar.

    Você escolheu para interpretar um dos personagens principais o músico Ivry Gitlis, que nunca tinha tido um grande papel no cinema.

    Ele teve um pequeno papel em A História de Adèle H. de François Truffaut, há muito tempo. Eu procurava um avô, com origens na Europa central, e não encontrava ninguém. Um dia meu marido, que também é o produtor do filme, cruzou com Gitlis e decidiu chamá-lo.

    Você chegou a pensar em Roman Polanski para o papel, não é?

    É verdade. Mas o problema de Roman é que apesar de ter 80 anos, ele tem uma aparência muito jovem. Ele parecia jovem demais para o papel, e ele teve a mesma impressão. Além disso, ele acabava de passar por um episódio muito difícil em sua vida privada, então não deu certo.

    Como foi a dinâmica durante as filmagens? Afinal, você trabalha com o inexperiente Gitlis, com mestres do humor como Kad Merad, com atrizes dramáticas...

    Eu faço alguns ensaios, mas não muitos para não perder a espontaneidade. São pequenos ensaios apenas para deixar as coisas mais claras, porque às vezes os diálogos escritos podem ser interpretados de várias maneiras. O que eu quero, durante um ensaio, é esclarecer o que eu quero dizer. Depois, na hora, tudo costuma dar certo. Eu tenho sorte, porque os atores que escolho são profissionais, trabalham bastante. Eles chegam ao set de filmagem muito concentrados. Eles podem parecer tranquilos, mas são grandes trabalhadores.

    Como a música tem um papel grande nesta história, você pediu a vários atores para aprenderem a tocar instrumentos.

    Eles não tocam de verdade, eles aprenderam a dar a impressão de que estão tocando – o que é muito difícil. Isso exige muito trabalho, apenas para dar a impressão. Principalmente Lou de Lâage, que teve várias horas de treino para segurar o violoncelo, adotar a postura correta e colocar os dedos nos lugares certos. Mas para aprender a tocar um instrumento desses de verdade, ela não demoraria três meses, e sim 30 anos...

    Aconteceu em Saint-Tropez

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