por Francisco Russo
O Festival de Gramado chegou ao fim - ou quase. Com a exibição de filmes já encerrada, resta apenas a cerimônia de premiação para colocar um ponto final na 41ª edição do evento. O encarregado a fechar a programação audiovisual do festival foi o drama A Coleção Invisível, exibido nesta sexta no Palácio dos Festivais.
Dirigido pelo francês radicado no Brasil Bernard Attal, A Coleção Invisível é também conhecido como o último filme estrelado por Walmor Chagas, que faleceu em 18 de janeiro deste ano. O longa-metragem é a adaptação de um conto de Stefan Zweig cuja trama se passa na Alemanha dos anos 1920, no filme transferida para o sul da Bahia. O AdoroCinema conversou com o protagonista do filme, Vladimir Brichta, que falou um pouco sobre o longa-metragem e sua própria carreira.
DO HUMOR PARA O DRAMA
Vladimir Brichta é conhecido na TV e também no cinema por personagens cômicos, mas em A Coleção Invisível ele envereda pelo drama. "A questão do drama e do humor na minha vida é recorrente", disse o ator. "Comecei minha carreira no teatro em Salvador, no início dos anos 1990, fazendo drama. Fiz Calígula, textos do Brecht, do Ibsen... Eu era um jovem ator dramático, mas quando fui fazer televisão acabei fazendo humor. Então nos últimos 10 anos o humor sempre esteve muito presente na minha carreira, poucas foram as vezes em que pude fazer drama. Como estava saudoso do drama, em 2010 fiz uma peça teatral chamada "Hamelin". Não era um dramalhão, mas era um texto muito duro e seco. O Bernard (Attal) assistiu à peça em Salvador, talvez ele já pensasse em mim para fazer o filme, mas apenas bateu o martelo após assistir a peça. Então esta foi a chance de mostrar um pouco ao público uma certa diversidade."
INTERESSE PESSOAL
"Fiquei muito feliz quando li o roteiro, queria muito fazer. Tinha uma série de coisas em vista, mas mudei tudo para fazer este filme", contou Vladimir Brichta. "Reconheci um olhar urbano deste personagem, que é também um olhar meu. Inclusive não é muito comum em filmes baianos ter este retrato mais urbano. Costumo dizer que é um filme pós-Jorge Amado, pois não aborda a Bahia mais folclórica. Quando ele vai para o universo do Jorge Amado ele está dizimado, por causa de uma praga."
TRIO BAIANO
Vladimir Brichta é a da mesma geração de atores que despontaram na Bahia nos anos 1990, que inclui também Wagner Moura e Lázaro Ramos. Apesar de serem grandes amigos, eles apenas trabalharam juntos na temporada teatral da peça "A Máquina" e em sua versão cinematográfica. O ator falou sobre um possível novo encontro do trio nas telonas.
"O problema é o seguinte: os dois estão indo para trás das telas vira e mexe, Wagner está no estrangeiro... Agora que estou chegando (no cinema brasileiro), ele está indo embora! Isso vai acontecer, óbvio, algum dia. Seria um grande barato!"
PRÓXIMOS PROJETOS
Além de A Coleção Invisível, que estreará em 6 de setembro, Vladimir Brichta está em mais três longa-metragens, todos inéditos e em diferentes fases de produção. "Fiz em 2012 um filme chamado Minutos Atrás, de Caio Sóh, que é inspirado numa peça teatral dele. São apenas três atores em cena: eu, Otávio Müller e Paulo Moska, que faz um cavalo que puxa uma carroça. É um filme doido, bem conceitual, só Deus sabe no que dará. Ele deve ficar pronto em setembro, então a produção deve estar de olho nos festivais."
"Outro filme que rodei no início deste ano chama-se Muitos Homens em Um Só, o primeiro longa de ficção da Mini Kerti, que é inspirado na obra do João do Rio. É um filme de época, que se passa no Rio de Janeiro do início do século passado, no qual faço par com a Alice Braga. Este filme está sendo montado e deve ficar pronto no ano que vem. E no final do ano filmarei Beleza, que será o primeiro drama dirigido pelo Jorge Furtado."
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