por Roberto Cunha
Não é de hoje que o flerte entre cinema e publicidade existe. A palavra, talvez, não seja nem apropriada para definir a relação entre os dois meios de comunicação, que fazem uso do audiovisual para capturar a sua atenção. E o que se vê na real é quase um casamento meio velado - muitas vezes - criticado por uma parte conservadora dos cineastas, avessa a certos truques (ou tiques) dos publicitários. Uma das reclamações mais comuns diz respeito ao uso de uma linguagem mais moderna em detrimento de uma linha mais clássica. Mas isso não significa dizer que essa ou aquela produção é menor porque optou por seguir um ou outro caminho.
Ou seja, existem filmes muito legais dirigidos por cineastas e outros igualmente bacanas tocados por publicitários. E quem ganha com isso, certamente, é o espectador. Afinal, diretores veteranos cultuados até hoje, como Federico Fellini ou Jean-Luc Godard, também já fizeram publicidade. Vale lembrar até que esse recurso foi usado por vários deles para ajudar a pagar contas e financiar projetos autorais, igualmente cultuados por uns e não entendidos por outros. ;)
Resumindo? Ver cineastas dirigindo filmes publicitários e a turma do lado de lá também migrando para o cinema é coisa de ontem, hoje e sempre. Em tempos de internet então... Com os chamados conteúdos de entretenimento (branded entertainment), somos bombardeados por campanhas publicitárias com cara, corpo e jeitão de curta-metragens. Elas quebram o paradigma dos 30 segundos tradicionais para apresentar peças com dois, três ou mais minutos. Com isso, a linha que separa as duas "mídias" parece ficar ainda mais estreita, como mostra o recente filmete Skol: A Lenda da Montanha, dirigido pela dupla Tino e Jones. Na história, o roteiro brinca com as famigeradas maldições de antepassados para mostrar o destino de um grupo de amigos durante uma viagem por misteriosas terras indígenas. O tema, por sinal, é pra lá de recorrente no cinema, a trilha tem um Q de faroeste e o resultado, claro, dá uma boa escapada do formato puramente comercial. Comprove você mesmo abaixo!
Skol: A Lenda da Montanha
Esse é só um exemplo brasileiro recente de publicidade e cinema caminhando juntos, mas eles podem vir de fora e dirigidos por gente que, certamente, você já ouviu falar. Michel Gondry (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças) fez um alucinante para Smirnoff, inspirado em filmes de ação e ficção científica; Baz Luhrmann, do recente O Grande Gatsby, dirigiu Nicole Kidman e Rodrigo Santoro em filme para a Channel, mesma marca que contratou Jean-Pierre Jeunet (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain) e Martin Scorsese para outro filmes. Este último, por sinal, estreia ainda neste ano com Os Lobos de Wall Street. Veja, abaixo, alguns desses filmes e o trailer também!
Os Lobos de Wall Street
Mais nomes que deram boas braçadas nessa praia? Ridley Scott, Ang Lee, Guy Ritchie, Fernando Meirelles, Breno Silveira, Andrucha Waddington... Todo mundo com bons serviços prestados ao cinema, usando o talento para gerar conteúdo capaz de trazer entretenimento e diversão. ;)