por Francisco Russo
O desempenho comercial de filmes como De Pernas pro Ar, E Aí... Comeu? e Até que a Sorte nos Separe por vezes dá a impressão de que só as comédias conseguem fazer sucesso de bilheteria dentro do cinema brasileiro. Entretanto, em meio às risadas provocadas por Bruno Mazzeo, Leandro Hassum e companhia existe um gênero cinematográfico que, ano após ano, tem se fortalecido dentro do cenário nacional: as cinebiografias de músicos.
Se há dúvidas quanto ao sucesso, basta olhar os números: 2 Filhos de Francisco levou 5,3 milhões de pessoas aos cinemas; Cazuza - O Tempo Não Pára pouco mais de 3 milhões; Gonzaga - De Pai pra Filho atraiu 1,4 milhão de pessoas e o ainda em cartaz Somos Tão Jovens foi visto, até o momento, por 1,7 milhão de espectadores. Se Zezé Di Camargo & Luciano, Cazuza, Luiz Gonzaga e Renato Russo seguiram estilos musicais bem diferentes, pode-se dizer que, no cinema, todos trilharam o mesmo gênero.
Mas, afinal de contas, por que este tipo de filme tem feito tanto sucesso? Paulo Sérgio de Almeida, diretor do portal de análise do mercado Filme B, explica: "O brasileiro adora música e seus ídolos, cada um de sua maneira. Este é um espaço que a TV ocupa muito mal e geralmente o cinema se dá bem nestes casos. A TV não se interessa por algo deste tipo, por exigir muita pesquisa e ser caro, a não ser em momentos raros. Já o cinema tem feito com grande carinho, tanto nos documentários quanto na ficção. São lacunas que o público acompanha com grande prazer".
De olho neste filão, vários projetos têm surgido nos últimos meses e estão em diferentes estágios de produção. Se Tim Maia (foto) já está em plenas filmagens, e deve chegar aos cinemas em 21 de março de 2014, a cinebiografia de Joelma e Chimbinha, criadores da banda Calypso, ainda não saiu do papel. A previsão é que o longa chegue aos cinemas no próximo ano, apesar das filmagens ainda não estarem marcadas. De concreto há apenas a confirmação de Deborah Secco como intérprete de Joelma.
Outra cinebiografia que enfrenta problemas com atrasos é a de Pixinguinha, que será interpretado por Milton Gonçalves. O longa-metragem marca a estreia no cinema de Denise Saraceni, diretora com vasta carreira na televisão, e teve suas filmagens adiadas devido a um reajuste no orçamento. Apesar disto, a previsão é que Pixinguinha - Um Homem Carinhoso também chegue ao circuito comercial no ano que vem.
Em estágio menos avançado de produção existem várias cinebiografias em andamento, como as dos grupos Mamonas Assassinas (com Rodrigo Faro interpretando Dinho) e Planet Hemp (Nanda Costa está cotada para integrar o elenco). Ainda nesta semana, Erasmo Carlos declarou que gostaria que Mateus Solano, o vilão Félix da novela Amor à Vida, o interpretasse na adaptação para o cinema da biografia Minha Fama de Mau. Isso sem falar na sondagem que o cantor Belo fez a Thiago Martins, para que estrelasse uma cinebiografia por ele produzida.
Em meio a tantos projetos, talvez o grande motivo desta procura esteja além da simples transposição da vida de um ídolo para as telonas. Caco Souza, diretor de Isso é Calypso, explica: "Acredito em histórias consistentes, acho que tanto Gonzaga quanto Renato Russo foram transformadores na sua época, seja musicalmente ou do ponto comportamental. Histórias como essa rendem bons roteiros e adaptações ótimas para o cinema. É isso, boas histórias rendem bons filmes".