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    Entrevista exclusiva com Caetano Gotardo, de O Que Se Move

    O Que Se Move chega aos cinemas brasileiros após passar por alguns festivais em 2012. Confira nossa entrevista completa com o diretor do filme.

    por Lucas Salgado

    Premiado no Festival de Gramado e na Semana dos Realizadores em 2012, O Que Se Move chega agora ao circuito comercial. Aproveitando o lançamento do filme, o AdoroCinema bateu um papo exclusivo com o jovem diretor e roteirista Caetano Gotardo, que falou sobre a ideia para o projeto, a escolha do elenco, a opção por inserir números musicais e ainda sobre seu próximo projeto. Confira a entrevista na íntegra!

    Como começou o projeto?

    A primeira ideia surgiu de três notícias de jornal, de coisas que aconteceram no Brasil no início dos anos 2000. Cada uma aconteceu separadamente e, quando eu as li, fiquei muito comovido. Elas me afetaram muito, cada uma a seu momento. E elas persistiram por bastante tempo no minha memória e foi me dando a sensação de que eu queria me aproximar delas de alguma forma. Mas eu demorei um tempo para ter a sensação de que eu tinha um olhar sobre elas. Só quando eu comecei a pensar nas três histórias juntas que começou a fazer sentido. Foi aí que isso se configurou para mim como uma possibilidade de filme.

    Como foi trabalhar essas histórias?

    Em nenhum momento eu tive a ideia de dar conta dessas histórias como histórias reais. Desde o início eu tomei as notícias como um ponto de partida a partir do qual eu criei livremente os personagens. O que me interessava mais claramente era tentar imaginar esses personagens e tentar me aproximar deles, com um olhar atento, dedicado, que não os condenassem. A ideia era imaginar ao redor desses fatos mais trágicos uma vida cotidiana.

    Quando começou a pensar essas histórias como um filme?

    Acho que foi em 2007. E eu escrevi a primeira versão do roteiro em 2008.

    Como foi inserir a música no filme? Como é esse seu interesse com o cinema de gênero?

    A ideia das canções veio justamente dessa vontade de não condenar estes personagens puramente ao sofrimento. Eu senti muita a necessidade de criar algum espaço dentro do filme para os personagens respirarem e existirem um pouco de outra maneira. Eu comecei a me concentrar na ideia das três mães, que seriam as condutoras emocionais do filme e me pareceu que seria interessante dar a essas mães um momento de transportamento. E não só para estas personagens, mas para o próprio filme ter este momento de transportamento de linguagem, da linguagem realista musical. Eu gosto muito de musicais, gosto de pensar a música cenicamente.

    Como foi a escolha do elenco?

    Eu já escrevi pensando na Cida Moreira e na Andrea Marquee, e depois eu convidei a Fernanda Vianna. A Cida e a Andrea são atrizes, mas tem carreiras mais constantes como cantoras, e eu já tinha visto as duas muitas vezes em cena cantando, o que me impressionou. A Fernanda é atriz, mas também canta muito em cena no Grupo Galpão.

    Você trabalha constantemente com Marco Dutra e Juliana Rojas, e lembro de conversar com eles na época de Trabalhar Cansa sobre a presença das mulheres como figuras centrais de seu longa e também de seus curtas. Agora, você estreia em longas colocando três mulheres em papéis centrais. Isso é pensado? Há um interesse maior nesta figura da mãe, da mulher?

    É difícil definir, não é algo muito racional. Como eram três histórias em situações de família, como queria trabalhar com essas atrizes, comecei a pensar na figura dessas mães como centro emocional das histórias. Me interessa muito as personagens femininas, mas nos meus curtas acho que tem quase uma alternância entre filmes centrados em mulheres e em homens. Um pouco menos que no caso do Marco Dutra e da Juliana Rojas que tem quase todos os curtas centrados em mulheres.

    O filme passou por alguns festivais. Como está a expectativa para lançar nos cinemas?

    Uma das coisas mais bonitas de exibir o filme nos festivais foi descobrir que ele se comunica muito mais do que eu esperava. Tenho consciência de que é um filme pequeno, não é comercial e que talvez fosse para um público mais específico. Mas fui muito surpreendido pela reação de pessoas que não fazem parte deste público específico. Mas é um lançamento muito pequeno, então não sei o quanto este público fora do circuito de arte vai ter acesso ao filme.

    Já tem algum novo projeto em vista?

    Eu estou desenvolvendo um projeto junto com o Marco. Estamos escrevendo e vamos dirigir juntos pela primeira vez. Já fizemos o primeiro tratamento, mas ainda vamos trabalhar um pouco mais o roteiro. É um projeto chamado Todos os Mortos.

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