por Francisco Russo
Exibido em primeira mão no Festival de Brasília do ano passado, o documentário Elena chegará aos cinemas nesta sexta-feira, 10 de maio. O longa-metragem é uma investigação da diretora Petra Costa sobre sua irmã, Elena, a partir de relatos de seus familiares e de imagens caseiras. O AdoroCinema entrevistou a diretora sobre o filme, onde ela pôde falar sobre a proposta implementada e suas expectativas para o lançamento. O resultado da conversa você confere logo abaixo.
AdoroCinema: Você tem uma carreira como atriz e resolveu estrear como diretora em longas com um projeto extremamente pessoal. Como foi a decisão de se arriscar desta forma e o porquê da escolha deste tema?
Petra Costa: Dez anos antes de fazer este filme estava cursando teatro e fui fazer uma cena sobre o livro da vida. Foi neste momento que encontrei os diários da minha irmã e me identifiquei completamente neles. Ali decidi um dia fazer um filme sobre este tema da crise de identidade entre as irmãs. Já havia investigado em cena alguns momentos deste tema, mas cinco ou seis anos depois resolvi fazer o filme.
AC: Algo que chama muito a atenção no filme é o lado estético, especialmente o uso de cenas caseiras e a narração em off. Ele foge bastante do convencional de documentários deste tipo. Como você chegou a este formato que seria usado no filme?
Petra: Ele tem uma estética parecida com a do meu curta, Olhos de Ressaca, onde havia descoberto esta estética mais onírica e poética, que havia gostado bastante. É também uma forma de falar da memória e do sonho, usando bastante material em Super 8, película, 16mm e VHS. Já com o material novo, no qual usei a câmera HD, busquei evitar as imagens muito realistas e encontrar este olhar mais subjetivo.
AC: Elena é um filme absolutamente pessoal que fez com que você mexesse bastante no baú de memórias da sua vida e de sua família. Qual foi a sua sensação ao ter que lidar com estes fatos do passado que, ao fazer o filme, foram trazidos de volta ao presente?
Petra: Foi uma mistura de prazer e dor. A parte prazeirosa foi que ganhei uma irmã neste processo, já que tinha poucas memórias da Elena por ser muito pequena e a via meio como uma lenda. Ao longo do filme ela foi virando um ser humano, de carne e osso, com diversas características. O processo era como se eu constantemente estivesse ganhando uma irmã para em seguida perdê-la de novo, já que percebia que ela não estava mais presente. Ao mesmo tempo a dor foi muito grande porque tinha muito mais consciência para entender o que realmente aconteceu e o quão trágico foi.
AC: O filme estreará nesta semana em quais cidades? Qual é a sua expectativa para o lançamento?
Petra: O filme estreia nesta sexta em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte, com 11 cópias. É difícil falar em expectativa, porque é a primeira vez que estou lançando um filme. A gente tem feito uma campanha legal na internet e tem tido uma resposta muito boa, com pessoas do país inteiro demonstrando interesse em ver o filme. Tem sido muito bonito isso, ver a Elena ganhando vida Brasil afora antes mesmo do filme estrear.