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    Entrevista exclusiva com Raphael Aguinaga, de Juan e a Bailarina

    Juan e a Bailarina chega aos cinemas brasileiros. O AdoroCinema aproveitou a ocasião para bater um papo com o diretor Raphael Aguinaga.

    por Lucas Salgado

    Um filme argentino que marca a estreia de um diretor brasileiro. Este é Juan e a Bailarina, primeiro filme de Raphael Aguinaga, que chega aos cinemas nacionais nesta sexta-feira, 12 de abril, quase dois anos após sua exibição no Festival do Rio e na Mostra de Cinema de São Paulo, em 2011. O diretor, produtor e roteirista visitou a redação do AdoroCinema no Rio de Janeiro e falou com exclusividade sobre seu primeiro filme. Confira como foi o bate-papo.

    De onde surgiu a ideia para Juan e a Bailarina?

    O projeto do filme nasceu como se fosse um intercortado de quatro histórias. Como eu já tinha feito cinco curtas-metragens antes e sabia que um curta eu conseguiria fazer. Então, imaginei se eu fizer três, quatro curtas que tenham uma linha que conecte todos eles, aí eu consigo controlar um pouco o tempo, o gasto, e vou fazendo, vou montando, aí lá na frente eu tenho um longa. O Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual também começou como um curta. E tem esse Mama da Universal que começou assim.

    Mas eu fui escrevendo e a primeira história começou a ficar grande, porque tinha muitos elementos. Então, quando eu vi já tínhamos 45 minutos da primeira história. E você nunca quer ficar com um média-metragem, que é um limbo terrível. Resolvi pegar elementos das outras histórias e adaptar pra essa primeira.

    A sua ideia é mesmo fazer uma trilogia?

    Sim, este é o primeiro filme da trilogia, que apresenta este conceito que eu quero discutir, que é a segunda vinda do Cristo. Na verdade, isso me dá um ensejo para questionar uma série de coisas de questão acontecendo, como essa era da informação. O fato de você ter um cara que tem a responsabilidade de resolver os problemas do mundo me dá a possibilidade de discutir esse tema, que é muito ambicioso.

    E o que nos espera nas continuações?

    O segundo filme, que eu quero fazer no ano que vem, é um “parallequel”, acontece no mesmo espaço de tempo do primeiro. Não é um prelúdio nem uma sequência. A gente mantem o mesmo range de tempo e a gente desloca a câmera no espaço. Então aquela história toda que você ouve, o cara (Cristo) aparecer, o cara sumir... Isso tudo você vai acompanhar no segundo filme com a câmera no cara. Ele vai de forma paralela até o desfecho, que será a deixa para o início do terceiro, que vai ser um filme menor. Quero fazer como um concerto, você começa com uma peça pequena, ela aumenta, tem o ápice, aí você diminui o volume e sai.

    Por que filmar na Argentina?

    Quando eu terminei o roteiro, comecei a fazer pesquisa aqui no Retiro dos Artistas. Ali é ótimo, tem uma casa antiga lindíssima e vários atores aposentados que moram lá e eu poderia usar. Eu entrevistei os moradores, fiz alguns takes na casa. Estudei a ideia de filmar lá. Mas comecei a conversar com produtores daqui, grandes e pequenos. A produtora mais barata passou um orçamento de R$ 3,5 milhões. Um filme com uma só locação? Não tem nenhum efeito especial, não tem nada.

    Não obstante a questão do dinheiro, quando começamos a conversar sobre a produção ficava difícil vender este peixe aqui, porque as pessoas não estão habituadas a este tipo de projeto. Não é uma comédia rasgada, é engraçado, mas é romântico. Não me lembro na cinematografia brasileira de um filme igual ao meu. Mas se comparar com a cinematografia argentina você lembra de Whisky, Gigante... você vende melhor a ideia.

    Como foi a troca do título de O Levante para Juan e a Bailarina?

    Eu não fiz concessão nenhuma de roteiro na hora de fazer o filme, fui muito control freak. Era o diretor, o roteirista e o produtor, quem ia discutir comigo? Quando acabou o filme eu vi que não dava para eu fazer um grande filme e ainda um grande lançamento. Então tudo o que eu não fiz de concessão na hora de rodar, eu fiz na hora de lançar. Eu sentei com gente que conhece mais do mercado e que entendi que o título O Levante não era bom, com uma palavra que não é tão conhecida. Fizemos um brainstorm e em cinco minutos escolhemos Juan e a Bailarina, em que falamos do eixo principal da história, com um romance que acontece.

    Qual a expectativa para o lançamento?

    Acho que a gente conseguiu fazer um trabalho interessante. Eu fiquei muito chateado quando comecei a ver essa questão da distribuição no Brasil. As distribuidoras, na verdade, funcionam como um resseguro. Elas compram várias coisas, umas dão certo e outras não. Então, com o que deu certo, eles pagam o que não deu. É uma margem apertada. Depois que o filme passou no Festival do Rio e na Mostra de São Paulo, vieram distribuidores locais conversar comigo. O negócio é o seguinte, eles te dão um adiantamento, que não chega nem perto do investimento feito, e se o filme for bem eles te dão um percentual da bilheteria, que é pouco. Percebi que vender o longa para um distribuidor só vale a pena se o filme for ruim.

    Então montei uma empresa da distribuição e mantive os diretos no Brasil e na Argentina. Estamos vendo um número de 10 a 20 salas para a abertura do filme, o que já é ambicioso para um filme com o nosso perfil.

    Juan e a Bailarina

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