por Bruno Carmelo
O diretor Thierry Binisti e os atores Agathe Bonitzer e Mahmud Shalaby
Neste final de semana, chega aos cinemas o drama francês Uma Garrafa no Mar de Gaza. A história gira em torno da amizade improvável entre uma garota morando em Israel e um jovem palestino, que recebe sua garrafa jogada no mar em pleno período de conflitos. Nasce uma relação de cumplicidade entre os dois, permitindo a cada um compreender as razões que colocaram os países onde moram em guerra.
Durante o Festival Varilux de cinema francês, o diretor Thierry Binisti e a atriz Agathe Bonitzer tiveram uma conversa exclusiva com o AdoroCinema. Eles falaram sobre a preparação para tratar de um tema tão complexo e sobre as comparações entre esta história e o clássico Romeu e Julieta:
Como surgiu a história do filme?
Thierry Binisti: Ela nasceu da leitura do livro, que é uma sucessão de cartas entre duas pessoas, mas me pareceu que seria mais interessante contar esta história em um filme. Eu encontrei a autora para pedir os direitos autorais, e deste encontro surgiu a vontade de trabalhar diretamente com ela. Nós escrevemos o roteiro durante muito tempo, e fizemos várias modificações em relação ao livro. Aí chegou o momento de escolher o elenco e partir para a filmagem.
Justamente, como você entrou neste projeto?
Agathe Bonitzer: Foi bem natural. Meu agente conseguiu o contato do Thierry, e depois fui me encontrar com ele em um café. Ele me falou do filme, do roteiro e da vontade de contar esta história. Em seguida, fiz um teste com duas cenas do filme em francês. Depois eu tive aulas de hebreu, porque eu não falava uma palavra desta língua, e a personagem do filme fala hebreu com os amigos dela.
A temática dos conflitos no Oriente Médio já te interessava?
Agathe Bonitzer: Não especialmente. Como muitas pessoas, eu seguia a atualidade de longe, pela televisão e pelo rádio. Não era um tema que me tocava em particular, mas eu também não era insensível. Foi mais pelo desafio de filmar em Israel. Este é um país onde eu nunca tinha ido, e eu também tive que me confrontar às minhas origens, porque eu sou judia, mas não praticante.
Em muitos lugares, o filme foi apresentado como uma história de amor impossível. O que vocês pensam disso?
Thierry Binisti: Não é uma história de amor. É algo como um mistério, uma união...
Agathe Binitzer: É mais próximo da amizade.
Thierry Binisti: Já me falaram que parecia Romeu e Julieta, mas para mim é algo muito diferente. É verdade que existem dois personagens desejando se encontrar, em um mundo em conflito. Este elemento é semelhante, mas o final de Romeu e Julieta é trágico, e nós preferimos um final otimista, alegre. Esta é a nossa visão do mundo.
Qual foi a preparação do elenco para o filme?
Agathe Bonitzer: Eu viajei com Thierry e Valérie, a co-roteirista, durante dez dias em Tel-Aviv e Jerusalém. A maior parte das cenas foi filmada nestas duas cidades.
Thierry Binisti: Eu queria que eles ficassem em imersão, para descobrirem um país onde uma forma de descontração convive com uma angústia permanente. A juventude israelense é muito particular, e a visão de mundo deles também. Eu queria que Agathe visse este paradoxo e estas diferenças, porque a juventude parisiense não vive a mesma situação.
Agathe Bonitzer: E tiveram as aulas de hebreu. Quatro meses antes da filmagem, eu aprendi com a mesma Valérie, que é professora de hebreu. Eu aprendi foneticamente, ou seja, eu sei falar, mas não sei escrever. Minha ideia era poder dizer mais do que as minhas falas no filme, para poder improvisar.
Uma Garrafa no Mar de Gaza