por Roberto Cunha
Considerado pelo Instituto Britânico de Cinema como um dos maiores diretores da nova onda do cinema japonês, faleceu nesta terça-feira, 15, Nagisa Oshima, aos 80 anos, vítima de uma pneumonia.
Com cerca de 50 produções audiovisuais na carreira, o cineasta começou 1959, mas só ganhou fama mundial ao apresentar o polêmico O Império dos Sentidos (foto), de 1976. O drama sobre a paixão sem limites entre um empresário e uma funcionária tinha forte conteúdo erótico e cenas reais de sexo. Essas, entre outras, incendiaram as rodas de conversa de uma geração. Para quem não teve a oportunidade de assistir, o longa é uma coprodução França/Japão, recurso usado para que não sofresse com a rígida censura do país de origem, cuja versão sem cortes nunca foi exibida por lá.
Apesar de toda a controvérsia, Oshima foi reconhecido em seu próprio país, sendo premiado em diversos festivais e indicado pela própria Academia de cinema local. Seu filme O Império da Paixão, também com narrativa erótica, foi indicado a Palma de Ouro em 1978, rendendo ainda o prêmio de Melhor Diretor em Cannes. O festival francês, inclusive, voltaria a ter outros três títulos dele entre os indicados: Furyo, Em Nome da Honra (1983), Max, Meu Amor (1986) e Tabu (1999).
Furyo, Em Nome da Honra recebeu ainda outras indicações, foi premiado e, para quem não se recorda, foi protagonizado pelo cantor David Bowie, vivendo um prisioneiro de guerra no Japão em plena Segunda Guerra Mundial. Em 1996, o cineasta sofreu um derrame, mas recuperado chegou a rodar mais um filme, Tabu, tocando novamente nas "feridas" ao abordar o homossexualismo entre os samurais.