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    Diário de Brasília: protesto e filme sobre Ney Matogrosso incendeiam o público

    O penúltimo dia da mostra competitiva do Festival de Brasília foi também o de maior participação popular.

    por Francisco Russo

    O Festival de Brasília tem a tradição de possuir o público mais politizado dentre os festivais realizados no Brasil. Algo até mesmo natural, visto que o evento acontece em plena capital do país, onde tudo respira a política. A noite deste sábado deu mais uma demonstração desta militância, quando dezenas de pessoas subiram ao palco para protestar antes da exibição do curta-metragem A Ditadura da Especulação, de Zé Furtado.

    Manifestantes no palco do Teatro Nacional Cláudio Santoro (foto: Junior Aragão)

    O curta aborda a luta de uma comunidade indígena contra a construção do setor noroeste em Brasília, que será o bairro mais caro da cidade. Com o apoio de estudantes, eles tentam impedir as obras e enfrentam a truculência dos policiais enviados.

    Com palavras de ordem contra o governador de Brasília Agnelo Queiroz, os protestantes leram e distribuíram um manifesto, onde defendiam a manutenção do setor noroeste com os índios e criticavam a política de obras visando a Copa do Mundo de 2014. O público embarcou no protesto e aplaudiu fervorosamente. A exibição do curta, com cenas de agressão dos policiais, fez com que o clima esquentasse ainda mais. Brados de protesto tomaram conta do Teatro Nacional Cláudio Santoro, forçando a paralisação momentânea da programação do festival até que os ânimos se acalmassem.

    O filme seguinte da programação de ontem também levantou o público - desta vez, para aplaudir. Olho Nu, documentário dirigido por Joel Pizzini, aborda a carreira de Ney Matogrosso através de um vasto material de arquivo. Depoimentos do cantor sobre como percebeu a existência da homossexualidade e a mudança de comportamento de seu pai, dita pelo próprio, empolgaram o público, que ovacionou o longa-metragem.

    O penúltimo dia da mostra competitiva do Festival de Brasília chegou ao fim com a exibição de Noites de Reis, de Vinicius Reis. O longa-metragem apresenta a história de dor de Dora (Bianca Byington) e Jorge (Enrique Díaz), que ainda sofrem pela morte do filho Lucas, anos atrás. Sem aguentar a dor, Jorge abandona a família e um dia, sem motivo aparente, resolve reaparecer.

    Conduzido de forma delicada pelo diretor, Noites de Reis é um filme de ritmo lento onde a história em si é estampada através dos semblantes dos personagens principais. É através deles que pode-se perceber a dor sofrida e a luta para seguir adiante, além da inevitável surpresa com o retorno de Jorge. Apesar de interessante e contar com boas atuações, o filme peca por ser um tanto quanto simplório e não aparenta ser um rival à altura para Boa Sorte, Meu Amor e Era uma Vez Eu, Verônica na disputa pelos principais prêmios do festival.

    Bianca Byington e Enrique Díaz na sessão de Noites de Reis (foto: Junior Aragão)

    A mostra competitiva do Festival de Brasília chega ao fim hoje à noite, com as exibições do documentário Elena, de Petra Costa, e da ficção Esse Amor que Nos Consome, de Allan Ribeiro.

    LEIA MAIS:

    Guia do Festival de Brasília 2012

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