por Francisco Russo
O cinema pernambucano voltou a chamar a atenção no Festival de Brasília. Após a boa repercussão obtida por Eles Voltam, chegou a vez de outro estreante na direção de longa-metragens exibir seu filme no Teatro Nacional Cláudio Santoro. Visivelmente nervoso, Daniel Aragão subiu ao palco para apresentar Boa Sorte, Meu Amor.
O diretor Daniel Aragão (direita) e equipe apresentam Boa Sorte, Meu Amor (foto: Junior Aragão)
Boa Sorte, Meu Amor é um dos quatro filmes pernambucanos selecionados para o Festival de Brasília - os demais são Era uma Vez Eu, Verônica, Doméstica e Eles Voltam - e já havia sido exibido no Festival de Locarno deste ano. Inteiramente em preto e branco, o longa traz a história da paixão de Dirceu (Vinicius Zinn) por Maria (Christiana Ubach) dividida em três atos: Você é o que Você Perde, Encontrei um Novo Alguém e De Volta às Raízes.
Extremamente criativo e sempre buscando fugir do óbvio, Daniel Aragão construiu uma história de ritmo próprio, com vários planos longos explorando a protagonista Christiana Ubach. Ela, por sua vez, segura o desafio graças ao olhar firme e decidido, essencial na composição de sua Maria. A fotografia em preto e branco traz a óbvia lembrança do cinema noir, além da presença de uma mulher fatal e sedutora.
Outro elemento importantíssimo é a trilha sonora. Seu uso de forma a causar impacto e criar tensão na trama, além do resgate de canções pouco conhecidas, lembra um pouco o estilo empregado por Quentin Tarantino nos dois Kill Bill - sem comparações entre os filmes, é claro. Destaque também para o "duelo" já perto do final, com closes que remetem ao estilo do saudoso Sergio Leone.
Entre os filmes apresentados até o momento, Boa Sorte, Meu Amor é o grande destaque graças ao seu lado inventivo e enigmático. Resta saber se o favoritismo permanecerá após a exibição do aguardado Era uma Vez Eu, Verônica, novo filme do diretor Marcelo Gomes (Cinema, Aspirinas e Urubus), agendada para hoje à noite.
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