por Francisco Russo
Se a imprensa mundial serve de parâmetro para saber quem está na frente na briga pela Palma de Ouro, De Rouille et d'Os está na dianteira. O novo longa-metragem dirigido por Jacques Audiard, premiado em Cannes com o Grande Prêmio do Júri por O Profeta, arrancou aplausos do público que pôde vê-lo hoje pela manhã. Não apenas pela qualidade do filme, mas também por uma homenagem ao diretor Claude Miller, falecido recentemente, a quem o longa é dedicado.
Estrelado por Marion Cotillard e Matthias Schoenaerts, o filme traz a história de Alain e Stéphanie, que levam vidas bem diferentes. Desempregado e com um filho a cuidar, Alain consegue uma vaga como segurança de boate. É lá que conhece Stéphanie, uma bela treinadora de orcas que se envolve em uma briga. Ele a leva até a casa dela e deixa seu cartão, caso precise dele para algum serviço. O que ambos não esperavam era que, pouco tempo depois, Stéphanie sofreria um acidente de trabalho grave, que muda sua vida para sempre.
Marion Cotillard e Matthias Schoenaerts no tapete vermelho de Cannes
De Rouille et d'Os poderia facilmente se transformar em um dramalhão, daqueles em que os personagens principais sofrem um bocado e se entregam à dor, mas opta pela direção oposta. Há sim um fato grave e a ele é dado o devido peso de sofrimento, sem exageros, mas os personagens não se entregam à pena. A busca pela felicidade, reconhecendo as limitações impostas, é constante e apresentada, pode-se dizer, de forma ousada. Não apenas pela presença da libido, cada vez maior entre os personagens principais, mas também pela inevitável dependência emocional decorrente do relacionamento.
Outro ponto que chama bastante a atenção é o contraste entre os dois personagens principais. Marion Cotillard compõe uma mulher forte, mas de traços delicados, que transmite no olhar sensações tão distintas quanto a depressão e a esperança a cada nova conquista. Já Matthias Schoenaerts interpreta um papel mais físico, necessário devido à agressividade demonstrada pelo personagem. Ambos muito bem, dentro das características de cada um, com destaque um pouco maior para Marion também pelas dificuldades físicas impostas pelo papel.
Questionado na coletiva de imprensa sobre o lado técnico do filme, o diretor Jacques Audiard disse que não poderia tê-lo feito 10 anos atrás devido às limitações dos efeitos especiais. "Hoje basta usar uma roupa verde e depois alterá-la", declarou. Marion Cotillard disse ainda que, também devido aos efeitos especiais, teve que usar bastante a imaginação para compor sua personagem.
Até o momento De Rouille et d'Os não tem previsão de lançamento nos cinemas brasileiros. Logo abaixo você pode conferir o trailer do longa-metragem, na versão original.
De rouille et d'os
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