por Bruno Carmelo
Durante o festival de Cannes 2012, enquanto os diretores desfilavam pelo tapete vermelho e os filmes eram apresentados com grande pompa, uma das obras selecionadas chegava de maneira clandestina, num pen drive: Isto Não é um Filme, de Jafar Panahi.
Jafar Panahi em Isto não é um filme
Preso pelo governo iraniano por seus filmes contrários ao regime (como O Espelho, O Círculo), ele foi em seguida condenado à prisão domiciliar e proibido de fazer filmes, apesar da forte pressão da comunidade internacional. Mesmo sem poder sair de sua casa, o diretor conseguiu realizar um "não-filme" sobre a dificuldade de se fazer um filme num país ditatorial como o Irã. Munido de uma câmera de baixa qualidade, de um telefone celular e da ajuda de um amigo, ele conseguiu terminar sua obra e enviá-la ao festival de Cannes, onde uma cadeira foi deixada vazia em sua homenagem.
Talvez por esta nova afronta, as notícias não são boas para o diretor: ele acaba de perder seu último recurso possível na justiça, e assim sua prisão domiciliar termina. Ele entra em fase de "execução do veredito", o que significa que pode ser preso a qualquer momento. Só lhe resta a espera, angustiante, do inevitável encarceramento.