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    Perdido na Netflix: Um clássico do cinema nacional que gerou polêmicas com o dramático destino de seu ator principal
    Maria Santos
    Maria Santos
    Maria Clara decidiu estudar audiovisual para juntar o melhor de todos os mundos. Apaixonada pelo cinema independente e também pelos famosos filmes da sessão da tarde, não dispensa indicações e nem julga um filme pela sinopse.

    Em Pixote, a Lei do Mais Fraco, Hector Babenco denuncia a marginalização infantil em um Brasil pós-ditadura.

    Hector Babenco é um dos nomes mais importantes e controversos do cinema nacional. O diretor foi responsável por momentos marcantes da filmografia brasileira, como sua adaptação de Carandiru e a indicação ao Oscar com O Beijo da Mulher-Aranha em 1986, concorrendo na categoria de Melhor Direção - agora, com Ainda Estou Aqui, as tensões podem se repetir no Oscar 2025, desta vez em outras categorias.

    Conhecido por escancarar as feridas sociais do Brasil, Babenco sempre apostou em dramas que abordam temas raciais, socioeconômicos e identitários de forma direta e crua. Contudo, um de seus projetos mais importantes é também um dos mais polêmicos.

    Pixote, a Lei do Mais Fraco um filme para quem têm estômago

    Embrafilme / Netflix

    Na década de 1980, Babenco lançou Pixote, a Lei do Mais Fraco, um soco no estômago do espectador, e para a época uma mensagem clara sobre a marginalização infantil. A trama acompanha Pixote (Fernando Ramos da Silva), um garoto abandonado pelos pais que, para sobreviver, se envolve em pequenos furtos no centro de São Paulo. Após passar por reformatórios, ele "aprende" a sobreviver convivendo com criminosos e jovens delinquentes. Aos onze anos, Pixote já é um pequeno traficante, cafetão e assassino.

    O filme conta com participações de nomes como Tony Tornado, Elke Maravilha e Fátima Toledo, mas o grande diferencial foi a escolha de não-atores para interpretar os jovens do reformatório. Babenco recrutou Toledo como preparadora de elenco, moldando 15 garotos para atuarem – algo que mais tarde se repetiria em Cidade de Deus.

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    Esses jovens foram selecionados das periferias de São Paulo, onde a história se passa. Muitos, assim como seus personagens, já haviam enfrentado violência policial, furtos e internações em reformatórios. Entre eles, Fernando Ramos da Silva, que, com uma trajetória parecida à de Pixote, chamou a atenção da crítica nacional e internacional por sua atuação.

    O dramático destino de Fernando Ramos

    Embrafilme / Netflix

    Apesar do sucesso de Pixote e do reconhecimento internacional, Fernando enfrentou um dramático destino. Depois do filme, ele chegou a atuar em produções como Eles Não Usam Black-Tie e Gabriela, mas, com poucas oportunidades, voltou ao crime. Em 1987, foi morto durante uma perseguição policial, aos 19 anos.

    A abordagem de Hector Babenco com Fernando Ramos da Silva e o elenco jovem de Pixote continua a gerar debates. Fernando, com apenas 13 anos na época das filmagens, participou de cenas explícitas. Críticos apontam que o suporte oferecido ao elenco, composto por não-atores, foi insuficiente.

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    O Sindicato dos Artistas e Técnicos de São Paulo e a Associação de Atores (ASA) criticaram Babenco, alegando que ele não cumpriu a Lei 6.533/78, que previa o pagamento de um percentual dos lucros aos atores.

    Segundo essas entidades, após as filmagens, Babenco afirmou não ter mais vínculo trabalhista com Fernando, que recebeu na época 45 mil cruzeiros por sua participação. Enquanto Babenco colheu os frutos do sucesso, a maioria dos jovens envolvidos ficou sem o devido apoio.

    A história de Fernando ainda foi retratada no filme Quem Matou Pixote?, de José Joffily, lançado em 1996, uma tentativa de trazer à tona as questões sociais que marcaram sua curta e intensa vida.

    Pixote - A Lei do Mais Fraco
    Pixote - A Lei do Mais Fraco
    Data de lançamento 26 de setembro de 1980 | 2h 09min
    Criador(es): Héctor Babenco
    Com Fernando Ramos da Silva, Marília Pêra, Jorge Julião
    Usuários
    4,2
    Assista agora em Globoplay

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